segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Confissões
Lenilton Junior

-Olá! Sou xxx e agradeço  por você  ter dedicado um pouco do seu tempo para mim.  Tenho 23 anos - não tão bem vividos,  visto que só  há pouco entendi o verdadeiro significado do verbo VIVER,  e um objetivo: ser feliz.
Hoje sei quão  valiosas são as experiências vividas e as que estão  por vir.  São elas que nos fazem perder o medo de encarar o mundo como ele e descobrir,  realmente,  quem somos.
O mundo não  é como um conto de fadas,  onde basta sonhar para que tudo se realize,  mas também ele não  é como um filme de terror,  onde a todo instante temos que travar batalhas com nosso inimigo.
Alguém já  disse que "Viver é uma arte, um ofício, só que precisa cuidado".  Concordo.  Pois,  é preciso saber fazer as escolhas certas.  Não titubear nas decisões.  Isso significa,  também,  não  ceder às pressões  externas - sejam elas quais forem,  nem tampouco pensar somente em você.  É difícil,  eu sei, mas é preciso disciplinar o corpo e a mente.
O corpo precisa estar em movimento,  senão definha,  adoece,  e perdemos,  assim,  a substância física que nos conecta com o mundo e com os outros. Daí a necessidade de praticar exercícios - claro que num ritmo equilibrado,  porque "tudo demais é veneno". 
A mente também precisa ser trabalhada,  principalmente num momento histórico e social como este,  onde tudo é líquido: o amor,  a honestidade,  a verdade,  e a liberdade,  a igualdade e a fraternidade parecem não existir mais.  
Somos cobrados,  dia após dia,  por aquilo que deixamos de fazer ou, até mesmo, por aquilo que  fizemos,  mas,  na concepção do outro,  não foi bem feito. Temos contas a pagar,  obrigações  familiares,  domésticas,  trabalhistas,  cidadãs.
Além disso,  ainda temos que seguir padrões sociais,  que já não acompanham mais os valores e as conquistas humanas: padrão familiar,  padrão de comportamento social,  padrão de beleza,  padrão político. "A realidade atual é um camaleão superativo". 
Não precisa procurar muito na memória para se recordar de situações que nos fizeram resignificar o amor,  que não se define através de palavras,  mas que se manifesta através de atitudes e do calor sentido num aperto de mão,  num abraço,  num carinho ou,  até mesmo,  num simples  bom dia!
Quanto à honestidade,  penso que é difícil encontrá-la,  mas não  é impossível ser honesto. A honestidade confere verdade e credibilidade aquilo que é proferido por alguém, mas vimos que mentiras tantas vezes repetidas acabam tornando-se verdades e isso,  infelizmente,  é entendido como algo normal.
Nos acostumamos com as guerras,  com o roubo do dinheiro público,  com as nossas pequenas infrações cotidianas,  com a nossa sociedade mesquinha. Tornamo-nos frios e calculistas
A liberdade,  por sua vez,  é para poucos.  Vivemos no século XXI,  mas ainda com a mentalidade medieval,  onde quem tem dinheiro tem poder;  doutrinados pelo "manda quem pode,  obedece quem tem juízo ";  senhores do que é a boa conduta social na teoria, donos da verdade na teoria,  mas ignorantes de tudo isso na prática. A nossa liberdade passou a ser algo negociado com "o sistema" .
Apedrejamos,  condenamos quem se comporta de jeito diferente do convencionado socialmente.  Na verdade,  nos esquecemos de que nós não temos autoridade para julgar o outro,  mas de tanto sermos apedrejados,  com medo da emaça que o outro pode representar para nós,  assumimos o papel de juízes de crime nenhum,  para fim nenhum,  a não ser nossa autodestruição.
A fraternidade algumas vezes é que manda lembranças.  Vimos umas poucas pessoas ajudando vítimas de atentados causados por doentes que dizem estar agindo em nome de Deus;   muito poucas pessoas se solidarizam em prestar socorro a quem é vítima de desastres naturais por conta própria - é preciso que entidades realizem shows,  estratégias de entretenimento em troca da fraternidade humana,  e, ainda assim,  acontecem desvios de recursos que não chegam de forma integral onde deveriam chegar. 
É muito raro encontrar alguém que ajude mendigos, fornecendo alimentação,  algum colchonete ou,  até mesmo,  uma palavra amiga para eles.
É raro conhecer alguém que queira se aproximar de você,  não por interesse,  mas porque gosta de sua companhia,  que se preocupa com você,  ligando,  escrevendo e-mail;  que ofereça apoio nas horas difíceis e compartilhe com você (e você com ela) os momentos bons da vida. 
Vivemos em uma era onde o desrespeito parece palavra de ordem,  a erotização de crianças rouba-lhes sua infância,  a falta de referências familiares vira a cabeça de nossos adolescentes,  a educação  doméstica falta nos ambientes sociais.
Vivemos num apagão cultural,  onde o que importa é mais a batida das músicas do que o conteúdo delas,  que incomensuravelmente ,  ofende,  constrange,  definha,  estraga,  enfim em nada acrescenta na formação da consciência  dos cidadãos do amanhã.
Se um homem abraça outro,  ele é gay.   Se uma mulher que não se casou ainda tem uma amiga e a trata com carinho ele é lésbica;  mulher tem que ser submissa ao homem,  homem não pode fazer serviços domésticos;  homem fala grosso,  mulher  tem que ter voz fina. Se alguém  come demais é gordo,  Se,  geralmente, alguém  é magro,  está "passando fome". Peraí, amar é crime?  Liberdade desse jeito é liberdade?  Convenções sociais servem para que mesmo? Para ceifar vidas? Alimentar o ódio?  Nutrir a corrupção?  A falta de honestidade?  A (des)umanização?
Nossa genialidade conseguiu acabar com nosso próprio habitat natural.  Estamos, ano após ano, forjando nossa própria desgraça,  pois o aquecimento global bate à porta, e pouco,  muito pouco, tem sido feito para corrigir nossa dívida com a natureza.
Para que tudo isso?  Porque te convido para refletir sobre você mesmo e o mundo à sua volta,  com tudo o que nele há? Porque estou farto das mesmas notícias todos os dias,  dos mesmos problemas batendo à nossa porta;  dos mesmos pensamentos,  das mesmas ideias - sejam elas boas ou ruins;  das mesmas punições,  da mesma falta de diálogo e amor nosso de cada dia.
Precisamos respeitar mais o outro.  Precisamos dialogar mais com o outro.  Precisamos repensar nossas atitudes socialmente convencionadas.  Precisamos voltar a amar o próximo,  seja ele quem for. Precisamos reconhecer que somos TODOS iguais.  Precisamos entender que dinheiro não é tudo. Precisamos aprender a escolher nossos políticos. Precisamos aproveitar mais esse bem tão lindo que é a natureza.  Precisamos saber retirar dela o que,  realmente,  nos é indispensável.  Precisamos entender que quem tem o direito de julgar não somos nós. Precisamos respeitar o direito do outro de ir e vir.  Precisamos resguardar nossas famílias da violência,  da erotização de crianças,  da banalização do sexo. Precisamos refletir sobre nossos pequenos grandes delitos cotidianos.






quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O amor que cativas em mim
Sobre como o ato de educar se transforma,  também,  num gesto de amor ao  próximo,  apesar das pedras no caminho da educação


LENILTON JUNIOR 


Em um dia de comemorações ao Dia do Professor,  faz-se necessário discorrer sobre os laços de amizade que nascem no ambiente escolar,  mas que ultrapassam  os limites da escola,  o que comprova a importância  do professor.

Professor é aquele que,  além  de mediar o conhecimento científico conjugado a prática,  acaba por tomar partido das dificuldades no processo de ensino-aprendizagem de seus alunos,  e,  de alguma forma,  ajudá-los a se encontrar pessoalmente e profissionalmente nesse nosso  mundo tão injusto e tão desafiador.

Quando optamos  por contribuir para um mundo melhor formando cidadãos críticos do mundo em que vivem e conscientes de que são eles que podem decidir o futuro da humanidade através de seu modo de pensar,  agir e dialogar com os outros,  sem dúvida,  assumimos uma responsabilidade muito grande.  
Entretanto, quando vimos que aquela pequena semente de esperança,  plantada em meio a tantas dificuldades (má valorização do professor,  escolas mal aparelhadas e adversidades mil) vingou,  enchemos os nossos olhos de lágrimas de alegria,  porque isto nos impulsiona a continuar fazendo aquilo que amamos fazer: ensinar,  trocar experiências,  amar nossos alunos e nos sentirmos parte de suas vidas. Mais do que isso,  quando,  mesmo após ter sido nosso aluno,  aquele cidadão que nós  ajudamos a se encontrar no mundo se lembra de nós no Dia dos Professores e nos agradece por ter feito parte da vida dele,  o ajudando de alguma forma,  nos sentimos recompensados por tanto esforço  concentrado em prol da realizacao do(s) sonho(s) do outro e de dias melhores. 

Em contrapartida,  é triste lecionar e não ver sentido naquilo que se faz na sala de aula ou,  até  mesmo,  fora dela,  porque alunos não dão  a necessária  atenção  àquilo que seu Mestre quer mediar para ele.  Talvez seja este o principal  motivo de tanto desânimo  com a educação,  além dos outros aqui já relatados.

A educação  que vem de casa tem faltado a escola,  desmotivando o professor e transformando a alegria e o ânimo para lecionar em descontentamento e sentimento de derrota,  o que se reflete no baixo rendimento escolar e,  consequentemente,  numa educação que definha,  porque um dos principais pilares da educação (ou,  pelo menos,  parte significativa dele) parece ter renunciado a sua tarefa de proporcionar  apoio aos alunos (seus filhos) e aos professores (seus parceiros) no processo de formação de cidadãos  que,  mais tarde,  assumirão cargos significativos na sociedade.

Nós,  professores,  não desistiremos de nossa árdua  luta,  mas pedimos mais valorização,  mais apoio,  mais amor.  Este último é o ingrediente mais importante para que possamos continuar fazendo nossa parte,  até  porque uma pessoa sozinha não consegue chegar a lugar algum,  mas se todos derem as mãos,  juntos seremos mais fortes e atingiremos nossos objetivos de forma mais efetiva.

É tão bom ver nosso aluno conseguir alcançar seus objetivos e se realizar pessoal e profissionalmente. Mas é muito ruim quando sabemos que algum deles não conseguiu,  por algum motivo,  subir no palco da vida e conquistar seu espaço.

Portanto,  alunos são como pedras preciosas brutas que precisam ser lapidadas para que a sociedade enxergue seu valor.  Entretanto, somente os professores não conseguirão dar conta de tamanho desafio. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O individual e o coletivo
Em tempos pós-modernos, se torna necessário saber qual é o limite do interesse individual e do interesse coletivo

LENILTON JUNIOR

A experiência de viver em sociedade é um verdadeiro desafio a nossa espécie, pois, como diria Rousseau, “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. ”

Todos nós carregamos conosco valores sociais que se refletem na nossa maneira de pensar, de desempenhar ações e de refletir sobre as nossas ações e as ações das demais pessoas. Entretanto, no meio social, há pessoas que por entenderem, mas não refletirem efetivamente sobre o significado destes valores, ou ainda, por não disporem de pessoas em que possam se espelhar como exemplo de boa conduta pessoal e social, tornam-se susceptíveis a corrupção, apropriando-se daquilo que não é seu como sendo seu verdadeiro dono.

Não é preciso procurar muito para encontrar na mídia exemplos que ilustram a apropriação de bens públicos como sendo bens pessoais. Quantos foram (e ainda são) os casos de personalidade que desviam dinheiro público para fins pessoais, na tentativa de melhorar as suas condições financeiras e proporcionar bem estar para a sua família com o dinheiro que deveria melhorar as condições financeiras de várias famílias e proporcionar bem estar e melhores condições de vida para aqueles que acordam cedo e dormem tarde, batalhando pelo pão de cada dia?

Não nos esqueçamos que nós também praticamos esse delito quando, por exemplo, resolvemos, na camaradagem, retirar do quantitativo de livros destinado aos alunos da escola em que trabalhamos, um livro para o nosso filho, para pouparmos o salário que recebemos dessa mesma instituição. Pregamos em nossos discursos a formação de uma sociedade mais justa, mas será que somos justos com o aluno que deixará de receber seu livro didático, porque o funcionário da escola decidiu beneficiar o seu filho, em detrimento do filho dos outros?

Não podemos nos esquecer, também, de que a ambição humana tem sido responsável pela morte de milhares de pessoas, tudo isso em nome de falsas ideologias que beneficiam apenas os mentores delas, como alguns líderes religiosos, políticos...vendedores de ilusão, mercadores da fé. Até que ponto chegamos! O que mais a espécie humana será capaz de fazer em benefício próprio? Que espécie de sociedade se quer para os próximos dias, se até com o sagrado se tem brincado? Se vidas são dizimadas por causa de interesses particulares, por mero capricho?

O mundo precisa de mais cooperação. Crianças, adolescentes e jovens que vivem no mundo da criminalidade precisam de mais homens e mulheres que lhes sirvam de exemplo a seguir. É preciso valorizar e zelar pelo patrimônio público, porque dele dependem várias pessoas. É preciso acreditar que uma pessoa, sozinha, não consegue ir muito longe. Mas, juntos, podemos dialogar e resolver nossas diferenças, podemos lutar sem auxílio de instrumentos bélicos, podemos reivindicar nossa causa, sem ameaçar a face do outro.

Portanto, precisamos entender que, se ninguém vive sozinho, é preciso viver bem com o outro. Para isso, não se deve ultrapassar a fronteira da honestidade, da sinceridade, do respeito, da ética e, principalmente, do amor ao próximo. É preciso transformar o retrato da sociedade, onde a máxima “poucos têm muito e muitos têm pouco” ainda é ideia fixa na mente da grande massa. Ainda podemos mudar as ações cotidianas que comprovam nosso egoísmo e nossa descrença no potencial do filho do outro.  Ainda dá tempo, de acabar com os massacres onde vidas são ceifadas em nome de falsas ideologias.


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Sobre a importância da autenticidade humana
O que te constitui como um ser especial? O fato de você ser uma pessoa autêntica ou mera cópia da personalidade alheia?
LENILTON JUNIOR

Não precisa procurar muito para perceber que existem pessoas a nossa volta cuja personalidade é ímpar, e pessoas que vivem se espelhando em outras pessoas que nada acrescentam às suas vidas. Logo, discutir sobre questões inerentes à construção da personalidade é algo muito oportuno, visto que é importante saber com quem lidamos todos os dias: se são indivíduos que conservam valores éticos, ou indivíduos que subvertem as regras de boa convivência social, em prol de benefício pessoal. Acrescente-se, ainda, que conhecer a personalidade dos colegas de trabalho facilita muito a boa convivência e o respeito no local de nosso trabalho, pois minimiza maiores desconfortos causados pela competitividade no mercado de trabalho, bem como a falta de caráter.

Todos nós fomos gerados no ventre de nossas mães, ou seja, todos nós viemos do mesmo local. Entretanto, aspectos ambientais, como a cultura perpetuada de geração em geração, os laços familiares e, portanto, a transmissão de valores, sejam eles de valor positivo ou negativo para a sociedade, nos constituem como sujeitos únicos em meio a tantos outros. Mas acontece que, justamente na relação com as demais pessoas em sociedade, alguns indivíduos identificam caminhos mais fáceis para alcançar seus objetivos e, assim, acabam por desviar sua conduta, constituindo o que denominamos de ameaças sociais, pois, certamente, estes indivíduos farão o que estiver a seu alcance para obter o que desejam.

No ambiente de trabalho, especialmente, se faz necessário conhecer a personalidade das pessoas que trabalham conosco, porque, uma vez conhecedores de seu comportamento e de suas concepções sociais, políticas e ideológicas, poderemos escolher a melhor forma de lidar com elas, de modo que não representem uma ameaça para nós e, assim, seja possível alcançarmos juntos as metas estabelecidas no nosso trabalho. Em outras palavras, haverá confiança e rendimento dos funcionários contratados para desempenhar determinada tarefa, pois serão minimizados os desconfortos da competitividade e, certamente, neutralizadas as ações denunciadoras de falta de caráter.

Até mesmo no campo das relações essencialmente interpessoais, pessoas de personalidade forte se destacam entre as outras que sequer são percebidas, porque estas pessoas deixam transparecer muito sobre a sua formação familiar e, portanto, sobre os valores ensinados por aqueles que lhes criaram. Valores que se mantiveram conservados, mesmo diante das pressões sociais. Pessoas como estas, sem dúvida, prosperarão em suas vidas vida e suas conquistas serão sólidas, porque elas valorizam seus esforços e seus investimentos para conseguir o que possuem. Em suma, estas pessoas entenderam que nada se consegue de forma fácil nas suas vidas. Afinal, o que é mal adquirido, também é mal possuído.

Portanto, sejamos mais autênticos e corretos em nossas atitudes e pensamentos. Se, por acaso, houver a necessidade de se espelhar em alguém, que este suposto espelho de vida seja um bom exemplo de conduta ética, pois quando fazemos más escolhas para nós mesmos, mesmo sem querer, acabamos afetando a vida daqueles que são próximos a nós, bem como a vida das demais pessoas que compõem a sociedade em geral. Tomo aqui o verso de Alberto Caeiro, pseudônimo de Fernando Pessoa, como a melhor forma de ilustrar meu estado de descontentamento para com as pessoas que não são autênticas e corretas em suas atitudes e pensamentos: “Que triste não saber florir![1] ”.










[1] O verso em destaque faz parte do poema E há poetas que são artistas, de Alberto Caeiro, pseudônimo de Fernando Pessoa, s. d.

sexta-feira, 5 de junho de 2015


"Don't worry, be happy"

Lenilton Junior



Em tempos de profundo estresse, penso ser oportuno falar sobre a necessidade de "recarregar as baterias". Para isso, nada é  mais confortante que a nossa casa e o amor verdadeiro que emana daqueles que  estão à nossa volta.

O jardim com suas flores bonitas e cheirosas nos convida a estar em equilíbrio consigo mesmos e com o outro. Os adornos da entrada, traduzem a natureza da acolhida e o sentimento de carinho e proteção familiar. 

A sala de estar e a de jantar nos revelam duas coisas: de que modo lidamos com as atividades cotidianas e, também, como aproveitamos nossos momentos de lazer.

Nossos quartos consistem no que há de mais particular na vida em sociedade. É dentro deles que repousamos o nosso corpo, trocamos as nossas vestes, e o mais importante: É no quarto que lidamos  com o desafio de conhecer a nós mesmos: nossas partes pudendas, nossos desejos reprimidos, nossos anseios, nossos planos para alcançar tais anseios. No quarto também podemos perpetuar a espécie, ou seja, dar frutos - algo bastante comum à nossa natureza, e cuidar desse(s) fruto(s). 

No banheiro, higienizamos nosso corpo e, ao mesmo tempo, fazemos a manutenção da alma, pois é sábido que a água acalma e refresca o corpo abalado pelas preocupações em ebulição na nossa mente. Do mesmo modo, o cheiro do sabonete ou, ainda, as notas que compõem o nosso perfume nos impulsionam a efetuar novos laços de amizade, renovar os que já existiam ou, simplesmente, fazer com que o outro se sinta tão seduzido pelo perfume ou sabonete que queira estreitar cada vez mais a relação entre ele(a) e outra pessoa. É válido dizer que, semelhante a roupa, o cheiro que fica "agarrado" no nosso corpo diz muita coisa sobre quem somos, o que fazemos e como lidamos com a vida que temos.

Finalmente, chegamos a cozinha. É nela que, literalmente, "regarregamos nossa bateria", através da ingestão de carboidratos, proteínas e nutrientes indispensáveis à nossa sobrevivência. Além disso, a comida produzida na cozinha consegue reunir pessoas(de modo geral) em volta de uma mesa ou algo semelhante a isto para agradecerem a Deus pelo alimento e, inevitavelmente, discutir sobre o dia no trabalho ou, ainda, as situações adversas na jornada de cada um de nós. Pena que este momento em família está sendo negligenciado pela relação ainda conflituosa entre homem e tecnologia. Por falar em comida, não podemos nos esquecer do cheiro e do gosto café, da carne na panela, da  comida preparada pelas nossas mães - sábios anjos enviados por Deus.

Mas, nada disso tem valor e efeito para nós se não houver o ingrediente principal que nos ajuda a vencer o estresse do dia a dia: o amor. Sentimento tão sublime através do qual surgem outros, como o carinho, o cuidado, a cumplicidade, a fraternidade, a solidariedade e o respeito. Acrescente-se, também, que o amor é a força motriz para o diálogo.

Então, além de procurarmos refúgio no seio familiar para aliviar as pressões do dia a dia, é preciso, sempre, regarmos a semente do amor que já nasce dentro de nós. Aliás, também somos fruto do amor entre duas pessoas.



sexta-feira, 15 de maio de 2015



É Tempo!

Tarde de sol
Olhares focados no objeto de interesse
Vidas que seguem...
E eu, da minha humilde posição de observador,apenas reflito

O atual estado das coisas me inquieta
O amor é líquido, a sinceridade parece não existir mais
Humanos são tomados como máquinas,
A ganância e a cobiça se tornaram banais.

Quando alguém ergue sua voz
Em tom de descontentamento
Parece que um furacão
Desconcertou os desatentos

Sem dúvida, é tempo de refletir sobre a mudança
É tempo de entender o que ela significa
É tempo de enxergar o que não se quer ver
Para perceber o que se pode esperar do amanhecer.

Lenilton Junior.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Desconectar para conectar

Precisamos nos desconectar de nossos problemas para nos conectar consigo mesmos

LENILTON JUNIOR


SABEMOS que homem sempre procurou entender a si mesmo e aos outros que o rodeiam. Sabemos, ainda, que nesta sua busca por informações tornou-se necessária a sistematização de suas descobertas. Então surgiram instrumentos para exprimir pensamento ou representá-lo através de imagens, dos mais rudimentares aos mais sofisticados, da escritura rupestre ao computador. Entretanto, o advento da tecnologia foi quem provocou mudanças significativas na vida do indivíduo que vive em sociedade e que nela luta para sobreviver. É urgente a tarefa de nos redescobrirmos para que possamos viver em equilíbrio com nós mesmos e com a natureza.

A competição, a exigência por atualização e  qualificação profissional, a má distribuição de renda entre classes sociais, a falta de políticas públicas eficientes e a demanda de atividades no trabalho, somadas às obrigações civis e às atribuições familiares consistem em um fardo muito pesado a ser carregado todos os dias pelos cidadãos de qualquer parte do mundo. Acrescente-se, ainda, que estes fatores  são os responsáveis pelas patologias sociais que encurtam vidas, pois tornam as pessoas reféns de seus trabalhos e, cada vez mais, distantes de si mesmas.

Não precisa pensar muito para constatar que o estresse tem tomado conta de nosso dia a dia. Sempre temos que correr contra o tempo para conseguir dar conta de alguma atividade, que não é fácil de ser realizada. Além disso, é preciso considerar que, por mais simples que seja, nossa escolha também  implica em renúncia.  A renúncia,  por sua vez, pode ser a algo que gostamos muito ou que faríamos de forma involuntária, se não fosse a demanda de atividades do nosso dia a dia. Renunciamos ao tempo com nossa família, com nossos amigos, ao tempo consigo mesmos em nome de uma boa remuneração financeira, boas condições de vida para nós e para quem amamos, mas nos esquecemos que tudo na vida deixa marcas. Os momentos em que ficamos ausentes com nossa família não voltam mais. As reuniões perdidas com os amigos não voltam mais. A vida que deixou de ser vivida não volta mais.

Vivemos como loucos em nome da falsa ilusão de que só se vive com muito dinheiro e nos esquecemos de que quando tínhamos pouco dinheiro  vivíamos talvez até melhor do que hoje. De que adianta ter tanto dinheiro, mas não ter qualidade de vida? Não se sentir bem consigo mesmo? Não viver a vida como ela tem que ser vivida?

O stress do dia a dia tem nos tornado pessoas cada vez menos humanas, amargas, competitivas, desequilibradas, confusas com relação a quem somos e sem saber, também, qual a verdadeira face do outro.  Talvez o autorretrato que tiramos já seja uma confirmação disto. Por falar em imagem, as redes sociais, por sua vez, parecem ser uma projeção daquilo que somos e daquilo que almejamos ser, mas muitas vezes não temos coragem de colocar em prática.  As pessoas estão confundindo o virtual com o real e o real com o virtual. Parece que elas não têm segurança naquilo que se propõem a fazer ou não acreditam no seu potencial. A maioria das pessoas não senta em volta da mesa com suas famílias, se não for preocupada com o que vai passar no telejornal.  É raro algum familiar perguntar como foi o dia do outro. É raro ver alguém colocar em prática a gentileza que existe em cada um de nós. Vivemos em tempo de liquidez.  O amor é líquido, a sinceridade é líquida, o respeito também o é. Há mais de dois mil anos d. C. ainda continuamos flagelando uns aos outros. O grupo radical Estado Islâmico (doravante ISIS) é exemplo disto. Destruímos até a natureza em nome de nosso egoísmo e ganância.

Precisamos decidir o que queremos para nossa vida. Precisamos entender que ela precisa ser vivida com alegria. Precisamos planejar melhor nossos objetivos para conseguirmos aproveitar nossa família, nossos amigos, a nós mesmos. É preciso haver mais diálogo. É preciso escolher o que se quer ver, ouvir e falar. É preciso refletir se é melhor viver o real ou o virtual, se a mentira é melhor que a verdade ou vice-versa. Temos negociar com o sistema os momentos de felicidade que almejamos ter. Temos que VIVER. E a natureza, ou pelo menos o que ainda existe dela, pode nos conectar consigo mesmos. Mas, para isto, é preciso se desconectar dos problemas. Nada disto é fácil, mas é preciso fazer.

NOTA: Não procuramos definir aqui uma receita para viver bem, mas antes levantamos questionamentos para que cada leitor reflita sobre eles.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ano (novo) ou (novo) ano?

Queremos um ano (novo) ou um (novo) ano?

LENILTON JUNIOR

O motivo pelo qual resolvi escrever esta coluna foi o seguinte: Será que cada ano (novo) é, de fato, um novo ano?

Na cultura mundial, a cada doze meses inicia-se um novo ciclo, a partir do qual cerimônias religiosas, festividades e feriados se repetem. Mas, quanto à matéria humana, o que, efetivamente, muda? Será que desejos são feitos enquanto explodem no céu os fogos de artifício que anunciam um ano NOVO? Será que os problemas, as dificuldades do ano anterior são esquecidos, porque se reacendeu uma nova chama dentro de cada ser? A chama da felicidade, da prosperidade, do sucesso? Ou será que o ano NOVO chegou, mas os problemas ainda são VELHOS?

Acredito que cada ano novo deve ser, também, um novo ano. Mas depende de cada um tornar o ano de 2015 uma coisa ou outra.  Penso que, se nos foi dado mais tempo para viver aqui neste espaço que chamamos de terra, não devemos viver sob a ameaça dos problemas que nos afligem todos os dias. Não devemos nos culpar pelo objetivo não alcançado... Devemos SIM mudar o curso de nossas vidas, arrancando as raízes da impaciência, da ignorância, inércia, do desamor, da falta de diálogo, mas regando a semente da paciência, da humildade, da or(ação), do amor e do diálogo. A ética, a educação e a saúde (do corpo e da mente) são o resultado da interação entre as árvores que se desenvolverão a partir das sementes já citadas.

Interessa saber, ainda, que fundamental mesmo é a atividade reflexiva que deve ser feita a cada ano novo. As pessoas precisam parar e refletir sobre suas ações. Muitas vezes é preciso apenas reorientar a caminhada para negociar a felicidade e, então, de fato, se afirmar que se vive um novo ano.  Tudo depende do diálogo.

A falta de diálogo é o principal problema que tem afetado a convivência entre as pessoas e o que tem tornado cada ano novo em um ano velho. Muitos líderes (políticos, sociais, familiares) afirmam seu poder através de diferentes tipos de discurso, mas poucos ou nenhum deles ouve (sem preconceitos) o que os Outros têm a dizer e por que dizem de tal forma. Esta sim é a verdadeira busca por justiça e igualdade. Mas, se ninguém ouve ninguém, resulta a falta de respeito e a violação dos direitos humanos. Basta pensar sobre o que aconteceu em Paris, com os funcionários do Charlie Hebdo. No oriente médio com a instituição do ISIS, por exemplo.

Portanto, que cada novo ano não seja apenas um ano novo, mas sim uma nova etapa para reflexão do que precisa ser modificado para melhor atender as nossas expectativas e do que precisa ser mantido para continuar nos proporcionando bons momentos enquanto aqui ainda estamos.


Boas férias!