sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ano Novo?
LENILTON JUNIOR

Esse é o último texto que escrevo para o blog em 2016. É um texto sobre a gente, sabe? Não tem dia em que a gente fica pensando nos nossos sonhos e no que é preciso fazer para alcançá-los? Pois é.

Estive pensando nos problemas por que passo e nos objetivos que tenho planejado alcançar. Logo me veio a cabeça a ideia de que somos nós mesmos que colocamos impecilhos no nosso caminho. Daí, fiquei pensando...Como a gente consegue ter tanto medo de correr atrás daquilo que a gente quer? O novo deveria nos entusiasmar, mas a maioria das pessoas tem medo dele, do diferente.

Caro leitor, você já parou para pensar em que medida as novas experiências, sejam elas boas ou ruins, te ajudam a amadurecer? A ser uma pessoa melhor? Caramba! Viver BEM é algo que nem todo mundo sabe fazer. Sair da zona de conforto pode causar descontrole emocional em algumas pessoas. Arriscar-se, então, parece a mesma coisa que ser lançado ao fogo. 

Precisamos acreditar que, mesmo diante das adversidades, é possível "enxergar a luz no fim do túnel", mas é preciso ter condições para ver essa luz. Isso significa: abster-se da hipocrisia, orgulho e, sobretudo, da ignorância.  Lembremo-nos, por exemplo, que, na era da informação, é inadmissível não saber aproveitar as ferramentas tecnológicas a nosso favor.  Afinal, elas não foram feitas apenas para a execução de atividades fúteis, como olhar o Facebook dos "amigos" para saber o que eles fazem, como fazem e/ou com quem eles convivem e curtir e/ou comentar as ações alheias. Em outros termos, DEVEMOS ser protagonistas das nossas vidas e não platéia da vida dos outros (paráfrase do pensamento de uma usuária do Facebook).

As soluções para nossos dilemas cotidianos estão a nosso alcance. Basta saber investir tempo e, se possível, dinheiro naquilo que efetivamente é importante. Concorda? Começando pelo senso comum, basta compreendermos que: estudar sempre foi a melhor estratégia para o alcance de nossos objetivos pessoais e profissionais - Não é difícil encontrar histórias de pessoas bem sucedidas devido ao investimento que elas fizeram em seus estudos; organizar-se financeiramente também não é uma tarefa complicada, pois se todos tivessem consciência da importância do planejamento  não  haveria uma série de pessoas individadas. Do mesmo modo, atualizar-se para manter-se em um emprego que valha a pena nunca foi tão fácil, graças à disciplina exigida para trilhar o caminho até nossos objetivos.  Reparou que somos nós quem criamos problemas? É necessário empenho pessoal ? Claro que sim. Entretanto, todos sabemos que para colher bons frutos é preciso sabermos plantar bem a semente. 

Consoante as considerações anteriores, todos nós temos plena consciência dos problemas que afetam nossa vida e a vida  de nossos pares. Porém, falta-nos coragem para reconhecer que somos humanos e que precisamos, igualmente, perdoar a quem precisa; ouvir quem quer falar -  ouvir as informações direto da fonte para que possamos efetivamente compreendê-las e não apenas repetí-las - e saber dialogar. 

Há um certo tempo, pensava que faltava diálogo entre as pessoas, o que justificava tanto fracasso mas nossas  relações : guerras, rebeliões, genocídios.  Hoje percebo que o que falta mesmo é EDUCAÇÃO de todos os tipos e com suas devidas  especificidades. 

Mais uma vez utilizo argumentos do campo da tecnologia para falar de problemas sociais que podem ser solucionados: nossos jovens perdem um precioso tempo em sites de redes sociais com brincadeiras que não trazem contribuição significativa à suas vidas. Quando não fazem isso, ocupam-se com selfies, em busca da face que perderam no espelho (no dizer da poetiza Cecília Meireles), depois de se entregarem à correria do dia a dia. Não é assim? Porém, a dependência dessas ferramentas é um risco iminente à saúde.

Precisamos "respirar"  ou "recarregar as baterias" não apenas no período de férias, mas a todo tempo. Para isso, é preciso dividir o tempo e aproveitar ao máximo a interação interpessoal presencial. Afinal, na interação face a face, dispomos de mais recursos para nos comunicarmos com outras pessoas: os gestos, o olhar, a roupa - que também é um texto -, até mesmo a entonação de voz, fatores imprescindíveis para compreendermos as regras de convivência social e nos reconhecermos como animais politicos, no dizer de Aristóteles. Quanta coisa bacana, não é? Ignorar a importância das relações interpessoais presenciais é perder a oportunidade de adquirir experiências e, possivelmente, nos desenvolvermos pessoal e profissionalmente.

Portanto, sejamos mais otimistas e honestos consigo mesmos, pois a mudança que queremos fazer nas nossas vidas depende de nós mesmos. Somos nós os nossos maiores inimigos. 

Feliz Ano Novo! Happy New Year! 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Nossa autodestruição de todos os dias
Precisamos ter consciência de que estamos perdendo o senso de humanidade e apostar na atividade reflexiva e no diálogo como aliados no processo de (re)encontro consigo mesmos
LENILTON JUNIOR

Cada dia que passa nos torna mais maduros, se estivermos abertos à novas experiências. Tudo é ensinamento. Aprendemos até mesmo com as coisas que não dão certo. O que importa mesmo é saber que só se vive uma vez e que não podemos perder a oportunidade de viver a vida intensamente. A atividade reflexiva e o diálogo parecem ser bons aliados das pessoas que veem a vida como um livro com páginas em branco e uma caneta.

A gente se preocupa com tanta besteira nessa vida: futilidades e pessoas pobres de espírito, enquanto podemos viver sem nos preocuparmos com coisas que podem ser resolvidas sem muito estresse ou, ainda, sem precisar discutir com ninguém. 

Nesse sentido, concordo com a máxima "seu maior inimigo é você mesmo" . De fato, quando as adversidades surgem (e não podemos escapar delas), é o modo como você lida com elas que, além de determinar a sua personalidade, define, também, suas perspectivas de futuro.

Nossas ações definem quem somos. Não adianta construir uma imagem nas redes sociais que é facilmente desconstruída na interação face a face. Aliás, não adianta nada viver de aparências e se preocupar em publicizar uma vida que poderia ter sido vivida conforme padrões sociais desejáveis, mas não foi. Precisamos assumir nossa verdadeira identidade e aprender a lidar com a ideia de que ser diferente é normal. Precisamos nos preservar. Recordo-me agora da canção Mortal Loucura, de Maria Bethânia, que discorre exatamente sobre isso.

Do meu lugar de ator e expectador no espetáculo da vida, do qual cada um de nós recebeu um papel, percebo que, a medida que o tempo foi passando, fomos perdendo a noção de que somos demasiadamente humanos. E nesse processo contínuo de competição, esquecemos de que precisamos da atividade reflexiva e do diálogo, pois são essas duas atividades que nos ajudam a viver bem.

Penso que se cada um de nós procurar ser calmaria e não tempestade (e isso não é filosofia barata), as relações sociais serão bem melhores. Não quero dizer com isso que as desigualdades sociais deixarão de existir. Afinal, vivemos em um mundo predominantemente capitalista. Entretanto, chamo a atenção para o fato de que estamos perdendo o senso de humanidade, em nome de uma cultura que nos transformou em máquinas e que já possui consequências desastrosas.

É preocupante saber que já é raro existirem relacionamentos onde o amor, sentimento tão nobre, seja mútuo. Infelizmente, existem jogos de interesse disfarçados de relacionamentos amorosos. Do mesmo modo, não é de se espantar exemplos de amizades estabelecidas por interesses no que o outro tem ou no que ele poderá vir a ter. 

Do mesmo modo, essa mania que nossa sociedade adquiriu de tudo querer rotular, fazendo juízos de valor questionáveis, acabou por nos distanciar cada vez mais uns dos outros, senão por escolha nossa, por medo dos marginalizados política e socialmente, bem como culturalmente.

Não acaba por aí.  Devido à falta de diálogo e, digo mais, a falta de compreensão dos discursos proferidos por todos os lados, a opinião da população de diferentes camadas sociais sobre as questões que envolvem o coletivo, quase não existe. O que existem são teses sem argumentos coerentes que as sustentem.


Parece que as pessoas se recusam a ouvir as outras. Elas se recusam a reconhecer que estão erradas quando efetivamente erram. Elas se recusam a pedir perdão pelas coisas que proferem que machucam o outro. Elas se estranham como se não fossem mais Homo sapiens sapiens.

Preciso dizer, ainda, que o mesmo estranhamento ocorre com relação a participação das pessoas na fiscalização efetiva dos seus representantes políticos (afinal, conhecer o conceito e funcionalidade da política é algo necessário a todos nós.): as pessoas não escolhem bem seus representantes políticos, muito menos fiscalizam a execução dos projetos construídos por eles. O problema é que depois reclamam da má representação política, dos desvios de dinheiro público, da falta de compromisso com saúde, educação, saneamento básico etc.

São várias as tentativas de dar significado as coisas e de (re)significá-las. Entretanto, essas mesmas coisas continuam sem sentido. 

Além do já exposto, vamos refletir: Quantas são as pessoas que sofrem de insônia?  Quantas pessoas não conseguem encontrar tempo para se alimentar bem?  Quantas pessoas não convivem mais com suas famílias, porque as demandas do trabalho comprometem sua vida pessoal? Quantos vivem estressados, desestruturadas emocionalmente?


Precisamos nos encontrar em meio a tantas exigências políticas, sociais e culturais. Precisamos definir prioridades na vida. Aliás, precisamos ter vida. Fazer escolhas é algo necessário. Lembremo-nos, ainda, que, para casa escolha, é preciso fazer uma renúncia. Entretanto, essa renúncia não pode ser à Deus, à família ou aos amigos em nome de projetos que comprometam tudo isso.

Já afirmei em outros artigos e reitero aqui a necessidade que cada um de nós tem de construir um projeto de realização pessoal e profissional. Entretanto, é preciso dedicar tempo para as nossas relações sociais - peças fundamentais, inclusive no processo de execução desses nossos projetos.

É válido lembrar que devemos começar dando prioridade às relações face a face e não às relações virtuais, onde, infelizmente, devido à liberdade advinda dessa ferramenta, é maior a frequência de pessoas que não reconhecem limites de comportamento e, por vezes, acabam ameaçando a imagem do outro e se promovendo de forma escusa (essas afirmações são fruto de experiências).

Portanto, é importante pararmos para refletir sobre nossas atitudes e dialogarmos mais com o outro. Só assim, viveremos bem. Do contrário, continuaremos vivenciando um crescente processo de autodestruição.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"Compreender a marcha e ir tocando em frente"
Como compreender a marcha da vida e tocá-la em frente?
LENILTON JUNIOR

O trecho da música de Almir Sater que é título desse artigo não foi utilizado despropositadamente. Ele consegue exprimir o que efetivamente nós buscamos dia após dia: compreender a marcha da vida e tocá-la em frente. Mas como conseguir tal objetivo?

Se algumas vezes erramos e algumas vezes também acertamos, estamos no caminho certo. Não existe fórmula certa para que nossas escolhas na vida sempre sejam certas.  É preciso errar para acertar depois. Do mesmo modo, é preciso pensar que estamos fazendo o certo, mesmo que erremos depois.

Se entendermos por marcha o passo que é dado por homens e animais - que aqui foi utilizado para personificar a palavra vida, logo chegaremos à conclusão de que esse passo varia conforme a situação vivenciada especialmente pelos homens em diferentes momentos de suas vidas.

Nesse sentido,  existem fases da vida em que nossos pensamentos parecem não   ser coerentes com nossas ações ou, ainda, momentos em que ações de outras pessoas influenciam de tal modo nossos pensamentos que, por vezes, precisamos de tempo para lidar com mudanças tão rápidas em nós mesmos.

A marcha da nossa vida, como toda e qualquer marcha, somos nós que colocamos. Nós podemos acelerá-la ou diminuí-la. Podemos até perdê-la. Por isso, precisamos prestar muita atenção ao contexto em que esse tipo de ação é executado.

A atividade reflexiva - não a paranoia - pode ser uma aliada significativa para nos ajudar a tomar decisões importantes e "ir tocando em frente", pois somente assim ficará mais fácil perceber o que precisa ser mantido e o que precisa ser repensado em nossa vida pessoal e profissional.

Segmentar em duas partes o todo significativo que é a vida - vida pessoal e vida profissional - também é uma atitude típica do exercício da maturidade no recinto de trabalho e fora dele. (Re)significar a marcha é imprescindível para dar continuidade a vida.

Se a força motriz da vida acaba, a marcha não funciona como deveria.  Aliás, nem haverá marcha. Entendamos por força motriz aquilo que nos impulsiona, que mantém algo em pleno funcionamento. Utilizamos aqui o termo força motriz também propositadamente, uma vez que, no campo da física, esse tipo de força é obtido através de agentes naturais que transmitem movimento para maquinário. É mais ou menos isso o que estamos nos tornando, não é?

Precisamos nos lembrar que somos demasiadamente humanos. Assim, lembremo-nos de que nosso corpo precisa de agentes naturais para VIVER. Entretanto, para viver não precisamos de muita coisa. Para viver precisamos de amor, respeito, solidariedade e tantas outras boas ações.

Portanto, como diria Fernando Pessoa, navegar é preciso. Temos que compreender que a graça da marcha da vida é ter liberdade para manipulá-la. Fomos e ainda somos educados para trabalhar  - acreditem que isso é verdade  -, entretanto,  é urgente entender que trabalhamos para viver e não o contrário.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sobre tarefas, atitudes e consequências
É preciso foco para conseguir dar conta das prioridades nossas de cada dia
LENILTON JUNIOR

Lidar com uma infinidade de tarefas todos os dias não é atividade que qualquer um executa bem. Precisamos eleger prioridades para conseguir efetivamente colocar algo em prática e, assim, alcançarmos objetivos de realização pessoal e profissional.

Estudar algum conteúdo, preparar aulas, corrigir atividades escolares, pagar contas, lidar com redes sociais, tudo isso exige concentração e determinação de quem precisa executar estas tarefas. Mas descansar também é uma atividade que precisamos realizar e poucas pessoas têm feito isso. Ler com o objetivo de relaxar, viajar para outros lugares, viajar através das histórias de personagens marcantes da literatura, ouvir uma boa música, aproveitar a companhia de familiares e amigos são momentos indispensáveis na nossa vida.

Nossas atitudes precisam atender às principais demandas diárias. Entretanto, viver para o trabalho não parece ser uma escolha acertada. É preciso saber conciliar nossas obrigações e nossos momentos para deleite. Esse é o problema de boa parte das pessoas com que convivemos: por não saberem dividir seu tempo, tornam-se pessoas frustradas, muito estressadas e, portanto, descontentes com o insucesso de suas atividades.

Precisamos trabalhar para viver. Isso implica se importar com nossa qualidade de vida. Quando fazemos isso, as consequências são muito satisfatórias. Além disso, precisamos nos recordar de que somos humanos (demasiadamente humanos) e, nesse sentido, momentos de revitalização do corpo e da mente são necessários. Na contemporaneidade, falta esse equilíbrio entre corpo e mente.

É claro que sacrifícios precisam ser feitos para alcançarmos objetivos de realização pessoal e profissional. Entretanto, é possível minimizar o impacto destas intempéries em nossas vidas se tentarmos organizar ações rotineiras. Isso implica em conhecer bem nossas rotinas e estabelecer momentos específicos para execução daquelas ações.

O que não podemos fazer é nos acomodar diante da dinâmica da vida. Nossos sonhos não se realizarão sozinhos. Nossos objetivos de realização pessoal e profissional não serão alcançados sem a devida disciplina, dispêndio de tempo e sacrifícios de finais de semanas, feriados e festas. Porém, viver exige cuidado. Temos apenas uma chance para escrever bons capítulos da nossa história. Então, é preciso vivê-la intensamente e com qualidade de vida.

Portanto, tarefas, atitudes e consequências talvez sejam três desafios que nos instigam a reflexão sobre como faremos bom ou mau uso do tempo que, cada vez mais, é escasso. Entretanto, é justamente o nosso posicionamento diante dessa dinâmica de cobranças e quase nada ou nada de descanso que faz a diferença no processo de conquistas pessoais e profissionais. Carpe diem!




domingo, 11 de setembro de 2016

Vamos embora, porque o tempo ruge e a Sapucaí é grande!

O tempo é o que há de mais valioso no mundo contemporâneo. O critério da prioridade, por sua vez, é a mais válida sabedoria.


LENILTON JUNIOR


"Vamos embora, porque o tempo ruge e a  Sapucaí é grande!" é um clichê. Entretanto, nunca perde sua validade, porque, de fato, o relógio se tornou nosso inimigo.

Acordar cedo, tomar banho, tomar café  (quando há tempo), escovar os dentes, se locomover para o trabalho...E lá se vai um tempão. Esse é o nosso discurso em tempos em que não há tempo.

Entretanto, precisamos entender que a correria do dia a dia pode ser, senão evitada, ao menos amenizada através da prioridade que temos que dar a algumas ações em detrimento de outras.

Correr contra o tempo sem propósito algum é perca de tempo e de qualidade de vida. Não é aceitável pensar que uma pessoa que quer, por exemplo, ser aprovada no vestibular esteja, conscientemente, perdendo seu tempo assistindo durante várias horas ao longo de dias.

Do mesmo modo, não faz bem para a saúde estar se desdobrando para realizar várias tarefas em pouco tempo. Aliás, todos nós sabemos que tudo que é feito às pressas não é bem feito.

Dormir pouco, acordar cedo. Ocupar a mente quase todo o dia com problemas de várias ordens e ir dormir com eles. Não sonhar. Não ter tempo para aproveitar as coisas boas da vida. Não amar...

O que quero afirmar é que, se não planejarmos nossas ações cotidianas conforme nossas reais necessidades,  otimizando o tempo, certamente comprometeremos nossa saúde, nossa qualidade de vida e não produziremos no trabalho.

É preciso refletir todos os dias  sobre as prioridades que damos às coisas e às pessoas que nos cercam. Informação demais, estudo demais (sem pausas para processar o que se lê), redes sociais demais, tudo em demasia se torna nocivo para nós.

É óbvio que esforços precisam ser feitos para alcançar metas, superar desafios. Até  porque existem situações que fogem ao nosso controle. Entretanto, é principalmente nessas horas que colocamos em prática nossas atitudes em relação a nossas prioridades (quero insistir nesse argumento).

Existem situações pelas quais todos nós passamos em que precisamos sacrificar um momento de lazer com a família para realizar alguma atividade do trabalho ou, ainda, deixar o ambiente familiar para viajar a trabalho. É normal que isso aconteça.  Mas é inadmissível, após a viagem ou após a realização da atividade, não dar prioridade às pessoas que amamos.

Portanto, saibamos lidar com as demandas pessoais, profissionais e sociais que nos sufocam diariamente, através do critério da prioridade.  Caso contrário, estaremos minimizando nossa saúde, bem como nossa qualidade de vida.



segunda-feira, 18 de julho de 2016

Quando a palavra precisa se tornar ação

LENILTON JUNIOR

Já dizia Clarice Lispector que a palavra é  domínio sobre o mundo. Entretanto, é preciso dizer que, somente através de ações, este domínio se efetiva. Ações que contribuem para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Do meu lugar de ator no palco da vida, percebo, mais claramente, que cada desafio diário é um convite que a vida nos faz para nos tornarmos pessoas melhores ou piores - caso não saibamos lidar com as situações em que nos encontramos.

Quando agimos e/ou reagimos na interação social com outros sujeitos que nos atingem  através de seus discursos, afirmamos nossa personalidade e assumimos, efetivamente, nosso jeito de ser, de pensar e de se relacionar com os outros. Afinal, construímos discursos efetivados através de ações e somos constituídos socialmente através destes discursos.

Agora percebo que as frases inspiradoras que lemos geralmente no inicio da manhã ou no final da noite nos direcionam para acreditar que podemos nos superar dia após dia, não nos condenando pelas derrotas, mas aprendendo com elas e valorizando,  ainda mais, as nossas vitórias.

Com o tempo aprendemos que a ação deve estar sempre conjugada com a sensatez, com a sabedoria, mas também com a rebeldia. Sim. Precisamos nos rebelar contra as desigualdades, sejam elas de naturezas várias. Precisamos nos rebelar, também, contra o estado de ignorância em que ainda se encontram vários cidadãos a quem lhes foi negado o direito à educação de qualidade. Precisamos nos rebelar, ainda, contra a corrupção, na tentativa de, pelo menos, assegurar os direitos básicos intransferíveis de cada cidadão.

Não podemos confundir rebeldia com violência - o que se traduz em ação mal planejada, cujos efeitos são negativos tanto para o agente quanto para o paciente dessa ação. A rebeldia de que falo se faz com atitudes que, efetivamente, traduzam a importância daquilo que queremos defender. Mas é preciso ter certeza de que aquilo que desejamos fazer é realmente bom para a gente e para os outros. É preciso que nos certifiquemos se nossas atitudes egoístas - que também fazem parte da nossa vida - não ferem o direito do outro. 

Sejamos mais honestos, mais verdadeiros, mais sinceros consigo mesmos e com os outros. Tenhamos mais amor nas nossas relações com nossos familiares, parentes, amigos.

Não é fácil lidar com pessoas que não têm a mesma formação moral, intelectual ou, ainda, ética que a nossa.  Entretanto, não é tão difícil se adequar as situações adversas da vida e contornar as intempéries através do diálogo, do olho no olho e de manifestações de amor ao próximo.

Aumentar ou abaixar o tom de voz é uma ação que depende da necessidade de se fazer ser ouvido(a). Fazer alguém entender algo quando ela não tem interesse naquilo que se quer ensinar depende da determinação de quem acredita na relevância da aprendizagem que se quer mediar. Do mesmo modo, amar outra pessoa, depende da segurança de que estamos prontos para essa nova experiência, o que implica na premissa de que nos amamos e conhecemos bem a nós mesmos.

"Viver excede qualquer entendimento." Entretanto, continuo dizendo que viver com sabedoria é o que devemos desejar quando quisermos validar nossos discursos através de nossas ações. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Sobre as intemperanças da vida
A vida não tem roteiro, mas existem caminhos possíveis para viver bem?

LENILTON JUNIOR

Dizem que a sensibilidade do escritor salta aos olhos do leitor quando o que é escrito sai do coração. As palavras não apenas medeiam a nossa relação com o mundo e com os outros. Basta trocar uma palavra de uma frase por outra que, aparentemente, tem igual significado para perceber que a semântica muda. Do mesmo modo é a vida.

Viver excede qualquer entendimento sistemático de comportamentos, atitudes, pensamentos. É incontável a diversidade de vezes que procuramos nos definir e definir o outro, mas cada um passa por diferentes processos de transformação pessoal. Assim, não há definição que consiga abranger o significado da palavra vida.

O que sabemos é que a todo momento somos desafiados pela vida para que ela tenha sentido. Viver enquanto verbo que exprime ação é receber uma folha em branco que precisa ser escrita com caneta esferográfica, pois não dá para apagar os erros, os tropeços, as intemperanças da vida. Dá para desconstruir e reconstruir significados que se traduzem em mudança de comportamento, atitude e pensamentos saudáveis. Em outras palavras, dá para passar um traço na sentença - que, na maioria das vezes, é ação - escrita sobre o papel da vida.

Mas como efetivamente viver num espaço social em que as palavras já não parecem fazer mais sentido. Se é preciso outras linguagens para dizer o que não se entende, para se fazer ser ouvido - como diz Eliane Brum em O golpe e os golpeados? Como efetivamente viver num espaço em que padrões sociais acorrentam as pessoas e as enrijecem, negligenciando a elas o direito de serem demasiadamente humanas, de respeitar o outro e amá-lo? Que sociedade criamos? Somos réus e ao mesmo tempo juízes, senhores de (in)verdades?

Penso que é preciso mudar, através de pequenos gestos. Sendo diferente. O RESPEITO é o primeiro passo para a mudança de hábitos, quebra de paradigmas. É preciso transformar tabus em totens. Todos nós somos diferentes. Se até na poesia de uma melodia se diz que "paz sem voz não é paz, é medo. " (O Rappa – Minha alma [a paz que eu não quero]), que procuremos viver essa paz através do diálogo sensato, respeitoso, pois é ouvindo o outro e refletindo sobre nossas ações que vivemos mais e melhor.

Entretanto, é válido ressaltar que a decisão advinda após o diálogo com o outro é que define nosso caráter. Ou melhor, são nossas atitudes que IRÃO SINALIZAR as nuances de nossa personalidade. Interessa saber, ainda, que devemos aprender também quando é hora de deixar algumas coisas para trás. Quando optar por novos caminhos não é desistir dos sonhos (quando se sonha), mas é ser resiliente e ter maturidade para reconhecer que existe algo melhor a ser conquistado e, mais ainda, que esse melhor só a alcança quando nós também nos tornamos pessoas melhores.

Certo dia, ouvi alguém falar sobre o processo de construção da mandala que, no Budismo é um tipo de diagrama que simboliza a mansão sagrada, o palácio de uma divindade e é pintada como thangkas, representada em madeira ou metal ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Quando a mandala é feita com areia, logo após algumas cerimônias, a areia é jogada em um rio, para que as bênçãos se espalhem. Assim, se constrói uma metáfora sobre a vida, pois é também assim que vislumbro a vida. Agora entendo que precisamos desapegar mais das coisas. Aprender a amar sem receber algo em troca é um exemplo tão clichê, mas necessário agora - nesse momento em que escrevo sob o abajur da sensibilidade desperta em mim. Sensibilidade e uma certa dose de racionalidade.

A racionalidade nos ajuda a perceber que o exemplo de vida do outro pode servir como espelho para projetamos as nossas vidas. Mas é preciso que, NO PROCESSO de construção de nossa identidade, deixemos aparecer as nuances de uma personalidade única, singular, aquela que nos torna especiais dentre todas as outras personalidades que existem. Ser autêntico hoje não é comum - Infelizmente. Então, nesse processo, certamente aprendemos coisas importantes, como:

1. Fazer algo pensando que é o que as pessoas gostam não é algo legal, porque as pessoas, na verdade não gostam;

2. Todos nós gostamos de ser surpreendidos;

3. Se, na nossa vida, todas as portas, no sentido metafórico, estão fechadas, precisamos lutar para que, pelo menos, uma delas se abra;

4. Precisamos nos entregar por inteiro aquilo que escolhemos fazer na vida. Isso significa "vestir a camisa" do nosso emprego, sermos responsáveis, honestos, amáveis e sinceros quando nos propomos a fazer algo;

5. Precisamos nos amar também, pois se não dermos valor a nós mesmos, quem vai dar?

6. Precisamos acreditar no nosso potencial.

Colocações desse tipo estão presentes no filme "People like us".  No enredo do filme, um rapaz descobre que seu pai deixou uma herança para uma irmã, até então, desconhecida pelo rapaz. Entretanto, na medida em que o jovem busca encontrar sua suposta irmã, ele descobre a existência de duas famílias: a que o pai dele constituiu com ele e sua mãe, e a que foi construída com a nova irmã dele. Mais do que isso, o protagonista descobre que a sua mãe pediu que o pai dele optasse por uma das duas famílias.  O pai, sem escolha, decide ficar com a esposa e o filho - com quem nunca teve, efetivamente, uma relação de pai e filho -, entretanto, seus pensamentos voltam-se para a garota, hoje mulher, que viveu boa parte de sua vida, sem o pai. E que possui um filho, seu sobrinho. Inicia-se, então, a atividade de reflexão crítica do telespectador sobre o que está sendo colocado na obra fílmica: as intemperanças da vida e a forma como cada um lida com elas.

Sem dúvida, a obra cinematográfica, a começar pelo título, nos instiga a refletir sobre a nossa vida: momentos de alegria, tristeza, os dilemas familiares que ultrapassam a dimensão do particular e interferem no âmbito do trabalho e nas relações sociais estabelecidas com as demais pessoas. A literatura também proporciona isso, muito embora sua finalidade seja a fruição a partir do trabalho estético.

Saibamos todos que é possível realizar aquilo que eternizado na voz de Édith Piaf deve fazer parte do nosso cotidiano: "Je ferai un domaine/ Où l'amour sera roi/ Où l'amour sera loi/ Où tu seras reine ." (Ne me quitte pas - Édith Piaf). O mesmo seja dito de: "Felicidade é viver na sua companhia/ Felicidade é estar contigo todo dia." (Felicidade - Seu Jorge). Ou, ainda: "Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara."/ "Deixa eu cantar que é mundo ficar odara. (Caetano Veloso - Odara).

Portanto, sejamos sábios na escolha do caminho que desejamos trilhar, pois como já sabemos, a vida não tem roteiro e recebemos um único papel para escrever sobre ele como conjugamos o verbo viver, com quem conjugamos este verbo e em quais circunstâncias se dará a referida conjugação. 





segunda-feira, 9 de maio de 2016

COLUNA

Somos aquilo que repetidamente fazemos

LENILTON JUNIOR 

Não existe máxima melhor para nos conceituar do que esta. O que nos define, de fato, são as nossas atitudes, nosso comportamento e a forma como solucionamos os problemas que surgem no nosso dia a dia.

Em tempos de profunda crise de valores morais, sociais e éticos, uma personalidade bem definida e ajustada conforme o respeito às diferenças sociais, culturais e étnicas, à diversidade de ideologias, ao amor ao próximo e também a si mesma parece não mais existir. Entretanto, conservar estes ideiais ou, ainda, amadurecê-los dentro de si é algo imprescindível para o nosso bem-estar e o bem-estar da coletividade.

Nossas atitudes nos definem na medida em que entendemos que estamos sendo monitorados pelos pessoas que nos rodeiam, mesmo que não nos demos conta. Quando apanhamos um papel do chão e o colocamos na lixeira, quando damos comida a quem tem fome, mas não tem dinheiro ou, ainda, quando simplesmente ajudamos alguém a atravessar a rua, estamos sendo avaliados pelos traseuntes, pelas demais pessoas que não foram solidárias com o mendigo e/ou também pelos que nos assistem ajudar a pessoa a atravessar a rua.

Do mesmo modo, podemos afirmar que nosso comportamento é um dos critérios que nos definem, pois quando somos amáveis com um familiar ou, até mesmo com um amigo, isto tem um significado simbólico muito grande para aqueles que nos observam, mesmo sem percebermos. Nessa mesma direção argumentativa, podemos dizer que se somos agressivos, mal-humorados, pessimistas, nossa imagem social é avaliada de forma negativa.

Mas é preciso entender que a personalidade de cada um se define conforme as experiências vividas, sejam elas positivas ou negativas. E aqui cabe abrirmos um parêntese com relação a matéria de nossa discussão: o que estamos discutindo não é a necessidade que cada um supostamente tenha de agir ou comportar-se conforme o padrão X ou Y de atitude ou comportamento. Estamos discorrendo apenas sobre como definimos quem somos. É válido lembrar que, se vivemos de forma honesta e justa, não precisamos de modelos sociais, porque já somos modelos.

Finalmente, é interessante perceber que a forma pela qual resolvemos nossos problemas cotidianos também nos define como pessoa, pois existem indivíduos que lidam com mais tranquilidade diante dos problemas e existem, também, aqueles que querem resolver seus problemas de imediato. Disso podemos tirar suas conclusões: aquele que resolve seus problemas de forma serena, consegue  refletir melhor sobre cada uma dessas experiências, enquanto que aquele que não consegue analisar as questões que o afligem certamente continuará a enfrentar mais problemas, dentre eles problemas de saúde.

Na verdade, precisamos nos entender para que, então, sejamos capazes de entender os outros.

Então, é preciso que sempre façamos uma avaliação de nossas atitudes e comportamentos na tentativa de nos tornamos pessoas melhores cada dia mais. Melhores consigo e com aqueles que fazem parte do nosso ciclo de amizade. Em outras palavras, precisamos exercitar mais a atividade reflexiva, buscando (re)pensar nos valores sociais, morais, éticos, espirituais e amorosos etc.

sábado, 30 de abril de 2016

Apenas

Mente ocupada
Coração vazio
Tempo escasso
Dia de folga sozinho
Amor para dar
Ninguém para receber
Onde está você?
Que da minha retina
Eu não consigo ver?
Tenho medo de querer,
Mas não ter
Tenho medo de viver,
Mas não amar
Tenho medo de arriscar,
Mas me machucar
Tenho vontade de você,
Mas cadê?
Procuro, procuro,
E não encontro
Desejo, espero,
Mas não vejo
Apenas almejo um beijo,
Um sinal
E, se quiseres,
Num simples momento,
Terás meu amor incondicional.

Lenilton Junior.

domingo, 20 de março de 2016

Confissões (Parte II)

                                                                                        Lenilton Junior

O assunto não chega à minha mente,
Mas desejo escrever. 
Eu desejo falar o que sinto,
Ser ouvido,
Ou apenas conversar comigo mesmo.

Sinto-me sufocado por rotinas fatigadas,
Por ter que ser, não sendo...
Por ter que contribuir, precisando...

Fingir ter bom ânimo, já não consigo mais
Recomeçar parece ser difícil:
Rever conceitos,
Repensar atitudes...
Tomar decisões parece estar sendo submetido à forca. 
Amar deixou de ser verbo e passou a ser mero substantivo.

Preciso de fôlego para continuar trilhando o caminho que escolhi,
Preciso recarregar a bateria, que parece estar danificada,
Preciso me encontrar em meio à tempestade que passa pela minha vida                                                     

Decidida a carregar consigo tudo o que puder carregar.
Ah! Eu preciso de amor para que possa dar amor.

A humanidade se encontra tão carente daquilo que constitui sua essência.
Temos informação, mas não sabemos mais lidar com ela.
Temos trabalho, mas não sabemos mais separar o nosso momento de descanso. 
Temos família, mas não nos juntamos a ela como deveríamos nos juntar.
(Fomos traídos por nós mesmos)
Temos amor, mas não reparamos mais se ele está bem pertinho de nós.
Nós existimos, mas parece que não somos mais humanos.
Onde chegamos?

Encontrei-me nas ideias:
Certamente estou incomodado com o atual estado de coisas da sociedade em que faço parte.                            

Mas, também devo conjecturar que os problemas familiares chacoalharam minha vida.

Viver implica estar com,
Conhecer, refletir, agir.
Tudo isto sem roteiro.
Porque o nosso roteiro somos nós que construímos dia após dia.

Tal qual um lápis com borracha
Escrevemos, apagamos, reescrevemos o roteiro.

O problema é que, às vezes, nos apressamos em passar para caneta o que não havia sido revisado.
É quando já não dá para voltar atrás,
E o erro, infelizmente, marca muito mais profundamente nossas vidas
Do que o borrão do lápis no papel.

Daí tentamos o toque mágico. 
Mas, nem sempre, ele resolve o problema do erro.
Às vezes, ele dilacera o papel, prejudicando o material                                                                                          

E, consequentemente, o plano das ideias registradas.                                                                                         
As consequências são enormes:
Podemos até rasgar o papel numa atitude impensada, 
Mas precisamos nos lembrar que não tem volta.

Também podemos conviver com o erro registrado no papel,
Mas, dali em diante, não podemos errar para não perder a folha
E não ser mais possível dizer tudo o que a gente quis dizer através do papel.
Papel este que pode ser branco, amarelo, reciclado


O papel, seja ele qual for, pode vir numa embalagem especial, com design empolgante
Ou pode vir num pacote ou resma simples
Com apenas um nome, para não ser tão esquecida pelos demais

Na verdade, o que importa é que cada papel consiga ser útil,                                                                        
Consiga transitar por diferentes mesas, diferentes impressoras, diferentes mãos,                                             
Mas, com seu cheiro particular, com sua forma particular e com sua cor particular,                                       
Consiga ser percebido.

O papel não pode ser guardado em gavetas e, depois, comido por seres que nos enojam
Que o papel seja percebido, lido, relido e ressignificado                                                                                      

Até que finde sua existência. 
(Como a existência de todas as demais coisas.)

O papel é a nossa vida.
Que saibamos utilizá-la de forma humanamente humana,                                                                      

Conscientes de que de onde saiu o papel, somente outros papéis podem sair.                                 

Não existem papéis gêmeos.                                                                                                                             
E mesmo os gêmeos são diferentes.                                                                                                                 
Em outras palavras, cada papel é especial, porque é único.




quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A importância da legitimação da mudança que queremos fazer em nós mesmos

Lenilton Junior

Segundo o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa,  mudar significa ato ou ação de transformação de um estágio anterior para um novo estágio ou estado de coisas. Entretanto, sabemos que de nada adianta a ideia se não houver a execução dela, pois legitimar a mudança que queremos em nós é o primeiro passo para atingirmos nossas metas.

Quando ocorre alguma espécie de mudança, seja ela comportamental ou, até mesmo, atitudinal, é sinal de novo planejamento, novas direções que serão tomadas como soluções mais eficazes (pelo menos em tese) para nossos problemas cotidianos. Acrescente-se que o desejo de mudar, se conjugado à atitude de efetivar a mudança, é uma das engrenagens da vida, pois com ela aprendemos a acertar e  erramos para reaprender a acertar.

Mas para mudar é preciso ter disciplina, coragem e, sobretudo, iniciativa. A disciplina nos ajuda a controlar o corpo e a mente. A coragem, por sua vez, nos ajuda a não desistir de nossos objetivos. Já a iniciativa nos ajuda a superar a nós mesmos. O que não é fácil de fazer, mas também não é impossível.

A mudança e, mais do que isso, a coragem para mudar é algo fundamental nas nossas vidas, porque é através delas que, também, vamos definindo nossa personalidade, nossas relações com nossos pares e com as demais coisas que estão à nossa volta.

Portanto, fica claro que o desejo de mudar associado ao desejo de efetivar estas ideias consiste em uma das iniciativas mais significativas  para a espécie humana, pois dar liberdade a si mesmo para reorganizar ideias e ações é algo imprescindível nas nossas vidas.
Da necessidade de sair da zona de conforto e viver, 
efetivamente viver

Lenilton Junior

Todo ser rico ou pobre, letrado ou ignorante, brasileiro ou estrangeiro sabe da importância de sair de casa e trabalhar. Mas a importância disso consiste não só no fato de conseguir dinheiro para pagar as contas e sobreviver. É muito mais do que isso. 

Com quantas pessoas lidamos a cada dia, cada uma com um ponto de vista diferente sobre a vida e sobre as coisas que fazem parte dela? A quantos desafios somos submetidos diariamente? Quantas experiências nos ajudaram a nos tornar pessoas melhores ou simplesmente fizeram parte de nossa história para nos fazer repensar sobre quem somos e o que queremos ser.

De modo semelhante, a nossa vivência cotidiana no âmbito familiar nos faz crescer como pessoas, como profissionais, mas também como filhos de Deus. As proximidades e os distanciamentos entre um familiar e outro é ensinamento. As situações de conflito, os momentos felizes, os momentos marcantes ou, ainda,  as memórias familiares, o sentimento de nostalgia, amor, rancor, desconforto. 

Mas quantas pessoas estão prontas física e psicologicamente para vivenciar estas experiências? Quantos conseguem sair da zona de conforto e, ao menos, tentar solucionar seus problemas cotidianos? Pouquíssimos. 

Viver a vida efetivamente é o que poucos fazem. Agir com sinceridade, ser grato pelo que possui, comer sem culpa, vestir sem a ditadura da beleza, deitar na cama sem pensar nos problemas e amar sem medida, quando o amor for verdadeiro, são os problemas da humanidade. É válido lembrar que chamamos de zona de conforto as ações, pensamentos ou comportamentos que não causam medo, aflição ou qualquer sensação de desconforto nas pessoas.

A cada dia que passa, nos esquecemos de que somos humanos, de que sentimentos também nos movem. Nos esquecemos disto, por causa da alienação de que nunca o que temos será o bastante para viver bem. Daí a necessidade de trabalhar mais, se desgastar mais e viver menos, bem como aproveitar menos quem realmente nos ama.

Portanto, é preciso ter coragem para enfrentar nossos problemas diários, e atitude para saber que sair da zona de conforto é uma necessidade humana.