terça-feira, 6 de julho de 2021

Re-si-li-ên-cia!

O que é ser resiliente e qual é o  combustível para ser resiliente?

LENILTON JUNIOR 


Ser resiliente é podermos nos manter firmes nos nossos valores e convicções, comportamentos e atitudes, mesmo diante das adversidades da vida. Essa é uma das capacidades mais importantes da nossa vida. Todavia, não é um exercício fácil, visto que exige grande esforço para olharmos para dentro de nós e enxergarmos o que nos constitui como sujeitos que possuem valor diante da vida e que podem sofrer com as adversidades, mas não esmorecer diante delas. Nessa perspectiva, cabe refletirmos sobre ingredientes importantes para sermos resilientes: as nossas experiências, a autoconfiança , a sabedoria e a fé. 


A melhor máxima da vida é a de que a gente aprende com os erros, porque não há nada mais racional do que não escolher novamente passar por alguma situação que nos causou dor e sofrimento outrora. É válido lembrar que diariamente somos convidados a assumir o palco da vida. Entretanto, a vida não tem roteiro e, somente diante dos desafios que surgem, é que podemos adquirir experiência para enfrentar situações semelhantes que venham a ocorrer. Mas acontece que muita gente ainda não aprendeu a lidar com os desafios que a vida lhes impõe. Por essa razão, algumas situações se repetem. E há quem diga que é o universo cobrando de nós uma mudança de comportamento e atitude.


Muitos leitores dessa coluna terão que concordar que nossos monstros são difíceis de controlar, porque eles estão associados à feridas muito profundas na nossa alma e, até mesmo, no nosso coração. Memórias de infância roubada, percas familiares, problemas financeiros, a crueldade da vida que nos obriga a ser fortes, independente da circunstância. Esses problemas interferem na nossa forma de reagir diante das atuais circunstâncias da vida: limitam nossas relações interpessoais, nos fazem sentir sozinhos, inferiores a outras pessoas que, porventura possuam pouco mais de dinheiro ou, ainda, inúteis diante das tribulações que aparecem no nosso caminho. Entretanto, não devemos alimentar esses pensamentos que sabotam nossa autoconfiança e nos tornam fracos na fé de que podemos superar determinada fase complicada de nossas vidas e sermos resilientes, aprendendo dia após dia a ser sábios, e regarmos o jardim da nossa alma.


Aliás, a sabedoria é um importante ingrediente para vivermos bem, visto que com ela podemos buscar o equilíbrio necessário para sobrevivermos. Para manter uma dieta, é preciso domesticar a mente para lidar com a tentação de querer comer aquilo que não nos será benéfico. Para lidar com os pensamentos da janela killer, no dizer de Augusto Cury, será preciso ser sábio e não se deixar levar por esses pensamentos que bloqueiam as possibilidades de pintarmos a vida da cor que quisermos. E, não menos importante, para manter a autoestima diante do padrão de beleza socialmente imposto, é preciso trabalhar a mente para, sempre que preciso, nos lembrarmos do nosso valor diante da vida e daquilo que realmente importa. O que certamente indica que beleza é um conceito muito relativo e que certamente a beleza exterior das pessoas e das coisas não é o que define quem elas realmente são. Portanto, a sabedoria também é um ingrediente importante para adquirirmos experiência na vida e lidarmos com as adversidades. 


Não menos importante do que a experiência, o resgate da autoconfiança e a sabedoria está a fé, já que é ela quem nos impulsiona a acreditar que depois da tempestade, sempre virá a bonança. Existe uma canção onde se diz que “pra quem tem fé, a vida nunca tem fim.” E, de fato, quem tem fé supera qualquer coisa, porque acredita que sempre é possível virar o jogo, superar a dificuldade e enxergar a luz no fim do túnel, ainda que saia da dificuldade com marcas na alma e no coração.  Quantas vezes achávamos que não iríamos suportar determinado desafio? Quantas vezes achávamos que seria o nosso fim? Que seríamos envergonhados diante dos homens e Deus nos honrou? Portanto, a fé é o combustível para continuarmos firmes na vida e termos a certeza de que, mesmo diante das tribulações, há um Deus que caminha conosco e, quando não temos forças para caminhar, é ele quem nos pega pelos braços e nos carrega.


Portanto, ser resiliente é importante, ainda mais em tempos tão nefastos quanto o que estamos vivendo. Todavia, para que essa resiliência efetivamente seja colocada em prática é preciso refletirmos sobre as experiências adquiridas ao longo da vida,a autoconfiança necessária para enfrentarmos os desafios interiores que cada um de nós carrega consigo, sabedoria para manter o equilíbrio do corpo e da mente, e fé, para acreditar que a tempestade vai passar. Somente assim será possível pensarmos em dias melhores para nós e para as pessoas que mais amamos.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019


Quando calar é melhor do que falar
LENILTON JUNIOR

Todos os dias, a vida nos desafia a sair de nossa zona de conforto para superar obstáculos de ordem pessoal e/ou profissional. Conflitos familiares nos desestabilizam e nos fazem (re)pensar valores. Do mesmo modo, as demandas do trabalho nos instigam a planejar soluções eficazes para o alcance de determinadas metas. Todavia, em ambas situações, nem sempre é prudente falar. O silêncio pode ser uma boa resposta para aqueles que esperam que esbravejemos discursos, dissuadindo o outro não pelo argumento, mas pela intimidação ou pela exposição desnecessária.
Como sabemos, a atividade de comunicação verbal revela os valores morais e éticos que defendemos ou que comungamos. Todavia, sabemos, também, que a argumentação está em todo ato comunicativo. Quando os argumentos não são consistentes a ponto de conquistar a adesão do outro, geralmente utilizamos da emoção. Porém, existem aquelas pessoas que exageram no uso da estratégia da persuasão, querendo que o outro aceite suas reivindicações, sem chance de contra-argumentar. É aí que se instaura o problema das relações sociais humanas. Diante desse dilema, quando não há diálogo, penso que o que resta é o silêncio.
O silêncio não significa recuo de quem tentou contra-argumentar, mas não teve seu turno de fala respeitado. O silêncio é também um argumento. Ele pode sinalizar a urgência do outro refletir sobre o que disse, como disse e com que finalidade proferiu determinado discurso. Creio que não é possível mensurar se o impacto do silêncio será positivo ou negativo, devido as diversas variáveis que existem em se tratando das relações sociais que, cada vez mais, têm se tornado frágeis ou líquidas, no dizer de Bauman em Modernidade Líquida. Porém, ele (o silêncio) pode ser uma estratégia válida na tentativa de solucionar diferenças que sabemos que existem (e é natural que existam!) entre cada um de nós.
Portanto, fica evidenciada a necessidade de autoconhecimento e também de compreensão do outro nas relações estabelecidas no tecido social. Nesse contexto, nem sempre o uso da verbalização é prudente. Da mesma forma que não é prudente insistir em relações desgastadas, em vínculos que desejávamos que ainda estivessem estabelecidos. Que aprendamos, a cada dia, a sermos resilientes, a utilizar o passado para compreender o presente e planejar o nosso futuro, conforme nos aconselha Jorn Rusen em Teoria da história. Falta a “tolerância entre os desiguais”, como diz o samba da Mocidade Independente de Padre Miguel (2018). Mais do que isso, falta a compreensão de que devemos ter amor às pessoas e não às coisas. Afinal, não é difícil constatarmos que “o salário do capitalismo é a morte”.


quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

"Tudo é uma questão de compreender a marcha e ir tocando em frente"
Qual é a marcha da vida? É difícil compreendê-la?
LENILTON JUNIOR

Como todos nós sabemos, viver é uma dádiva divina. Entretanto, é preciso ter sabedoria para enfrentar os desafios que a vida nos propõe e conseguirmos alcançar nossos objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais.

A sabedoria é a marcha da vida. Entretanto, acontece que nem todas as pessoas despertam para atitudes sábias: saber falar, saber escutar, saber avaliar sistematicamente os problemas que nos afetam. Problemas para os quais existem (sim!) soluções.

É válido lembrar que o fato de, por vezes, não enxergarmos soluções para os nossos problemas se deve às tensões de natureza pessoal que precisam ser, senão eximidas, ao menos aliviadas. Diante desse problema, é importante mantermos o foco naquilo que realmente almejamos. Nessa direção, é importantíssimo, também, nos autoconhecermos, buscando resposta para as seguintes perguntas: Onde quero chegar? Como pretendo chegar lá?

“A vida nos prega muitas peças”, e é preciso saber lidar com estas experiências, lançando mão da sabedoria de que dispomos. Afinal, não existem dificuldades que não possam ser superadas, “não existem fronteiras que não possam ser transpostas. Pelo contrário, existem pessoas que se veem inferiores, incapazes, desmotivadas. O que corrobora ao entendimento de que nosso maior inimigo somos nós mesmos.

Nada do que hoje possuímos nos foi dado de graça. Por isso, aprendemos a dar valor ao que possuímos. Do mesmo modo, tudo aquilo que queremos alcançar serve de estímulo para que desenvolvamos em nós mesmos disciplina, resiliência, esperança e fé. É válido ressaltar que o que expressamos através de palavras precisa ser materializado através de ações, levando em consideração o fato de que esses discursos sejam construtivos.  E, mais uma vez, estamos recorrendo a marcha da vida, que é a sabedoria.

Se estamos em busca de um emprego, precisamos mostrar nosso predicativos da melhor maneira possível. Se estamos ansiosos pelo resultado de algum processo seletivo, precisamos alimentar boas energias a respeito do que ainda está por vir. É preciso sabedoria até para escolhermos aqueles que denominaremos de amigos. É interessante destacar que existe uma notável diferença entre amigo e colega. O primeiro efetivamente estará presente em todas as horas em que for solicitada a sua presença. O segundo, não. Na impossibilidade do desejado se efetuar, mais uma vez, precisamos utilizar da sabedoria que dispomos para reconhecer nossos erros, afastar os pensamentos negativos e refazer o caminho percorrido até que obtenhamos êxito nos nossos projetos.  

Claro que temos o direito de ficarmos aborrecidos com as frustrações da vida. Entretanto, temos o dever de compreender que, se não usarmos a sabedoria a nosso favor, permaneceremos “parados” e não “percorreremos” NUNCA o “caminho” que algum dia desejávamos “trilhar”.  Viver é movimentar-se, mas é preciso saber para onde ir.

Portanto, é necessário sermos sábios em nossos comportamentos e atitudes. Entretanto, isso não significa dizer que não temos o direito de errar. É através dos erros que também aprendemos. Lembremo-nos que o importante é viver, mas que, enquanto o coração pulsar, sejamos sábios e aprendamos a resistir a toda tipo de obstáculo. Estamos no início do ano de 2018. Ele será apenas mais um ano, caso continuemos reclamando dos nossos insucessos. 





quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sobre o desafio de ser professor no século XXI
O que é ser professor no século XXI? Qual o cenário da educação neste século? O que fazer para exercer o magistério de forma satisfatória?

LENILTON JUNIOR


Penso que ser professor no contexto atual é mais que optar por uma profissão com a qual se identifica. É aceitar o desafio de formar cidadãos críticos do espaço social em que estão inseridos, mesmo quando tudo corrobora contra esse objetivo. 

Sei que, diante do cenário de violência (física e verbal), falta de compromisso dos alunos com os estudos ou, ainda, falta de "educação doméstica", foram instituídos "muros" simbólicos que mantém alguns professores cada vez mais distantes de seus alunos problemáticos e, do mesmo modo, existem alunos que tem apatia pela figura do professor. No final das contas, a realidade entristece: temos professores que fingem que ensinam e alunos que fingem aprender os conteúdos. Entretanto, essa realidade precisa ser transformada.

Além do já exposto, ainda convivemos com colegas de profissão que desestimulados com seu alunos sequer fazem o planejamento de suas aulas, porque acreditam que todo o esforço será em vão. Mas, vamos pensar: se o professor não aproxima o conteúdo da realidade do aluno não só porque não planeja suas aulas, mas, também, porque prefere rotular seus alunos ao invés de tentar compreender a realidade deles e ajudá-los conforme suas possibilidades, temos um problema muito sério cujo progresso só irá aumentar a evasão escolar e, consequentemente, a falta de perspectiva dos alunos.

Finalmente, é necessário afirmar que muitos alunos recebem educação em todos os aspectos somente na escola. Lembremo-nos, pois das realidades diversas desses alunos: desestabilização familiar, falta de instrução de alguns pais e, ainda, falta de contato destes alunos com pessoas que os mostrem que eles podem superar as dificuldades por que eles passam e poder efetivamente sonhar com objetivos para realização pessoal e profissional. A escola, infelizmente, recebeu mais esta responsabilidade que é dos pais, mas o que fazer quando não se tem modelos familiares em que se pode apoiar? 

Portanto, é preciso continuarmos acreditando no poder da educação. Sabemos dos desafios que a realidade nos impõe, entretanto, se não reunirmos esforços para a superação deles, a tendência é nos depararmos amanhã com realidades ainda mais estarrecedoras do ponto de vista social, político, econômico e, até mesmo cultural.

Do meu humilde lugar de professor, confesso que, por vezes, a gente até acha que não há mais jeito para a geração Z. Todavia, quando refletimos sobre o passado dos alunos, compreendemos a importância de conhecê-los e nos tornarmos amigos deles, bem como fazê-los entender nosso lado. Óbvio que em uma turma numerosa, realidade de tantas escolas de nosso país, não é possível estabelecer relações de amizade com todos os alunos. Mas o fato de permanecermos acreditando ser possível transformar realidades tão preocupantes, muito embora seja a realidade de poucos, já é uma enorme contribuição social de nossa parte.
Foco, força e fé
Qual a importância do foco, da força e da fé para a nossa realização pessoal e profissional?
LENILTON JUNIOR

Você já deve ter ouvido alguém dizer que, para vencer na vida, é preciso ter foco, força e fé. Mas, talvez, tenha pensado: por quê? Se descobriu a importância, certamente já refletiu sobre o caminho trilhado para alcançar objetivos de realização pessoal e/ou profissional ou, até mesmo, já experienciou esse processo. Não foi fácil, não é? Foi importante pensar nestas três coisas. Entretanto, o que significa cada uma delas? Existe alguma relação entre elas? Se existe, qual é? Ter foco, força e fé é garantia de sucesso?

Ter foco é se concentrar apenas em objetivos de realização pessoal e profissional e traçar estratégias para alcançá-los. Para ter foco é preciso, antes de tudo, ter disciplina para não perder de vista o que deve ser feito para alcançar o que se pretende. É válido lembrar que, atualmente, muita coisa nos distrai facilmente: sites de redes sociais, aplicativos, informações de natureza vária, porém é preciso sermos seletivos e executar tarefas que efetivamente contribuam para o alcance dos nossos objetivos. Acrescente-se, ainda, que a máxima de que tempo é o que nós não podemos perder se torna cada vez mais evidente.

A força, por sua vez, diz respeito aquilo que nos move a executar tarefas que irão corroborar ao alcance de nossos objetivos. São dois os tipos de força por nós conhecidos: força física e força mental, muito embora haja ocasiões em que uma destas forças é mais utilizada que a outra. Ainda sobre essa discussão, é pertinente destacar que o poeta romano Juvenal, em uma famosa citação latina, derivada da Sátira X, por exemplo, já ratificava a importância de uma mens sana in corpore sano (mente sã num corpo são). Nesse sentido, fica clara a necessidade de se ter equilíbrio no uso destas duas forças. Em contrapartida, às vezes, nem é preciso agir. Basta deixar com que as coisas aconteçam e se resolvam por intermédio de outros agentes.

Já a fé diz respeito ao significado da força superior que sabemos que existe e que se manifesta entre nós todos os dias e a representação dela em diferentes segmentos religiosos. É através da crença em alguém ou alguma coisa que encontramos uma espécie de conforto e de impulso para viver entre os nossos pares. E aqui, é necessário registrar que a intolerância religiosa é o que mais nos afasta da convivência saudável em sociedade. Não podemos dizer harmônica, uma vez que o ambiente familiar, por exemplo, precisa ser um lugar de conflitos – não agressões verbais e/ou físicas, mas discussão de ideias, onde, a partir delas, todos aprendam e cresçam juntos.

A partir do já exposto, podemos afirmar que estes três elementos estão integrados, pois todos nós precisamos ter foco em algum objetivo, se quisermos nos realizar pessoal e profissionalmente. Além disso, precisamos, investir força para executar as tarefas imprescindíveis ao alcance dos objetivos definidos. Do mesmo modo, precisamos acreditar em alguma força superior que nos dê conforto e nos impulsione a viver entre os nossos pares. É válido lembrar que, até mesmo, as pessoas que dizem não ter religião acreditam em alguma ideologia.

Portanto, ter foco, força e fé é o que nos impulsiona a ter sucesso na vida, pois, para que haja sucesso, é preciso que haja, também, empenho, trabalho duro, disciplina, porém, somente aqueles que realmente tem foco, força e fé podem atingir seus objetivos. Infelizmente, esse é um desafio excludente, porque nem todas as pessoas querem sair da zona de conforto em que se encontram e, efetivamente, crescer pessoal e profissionalmente. Através deste desafio, as pessoas são capazes de reconhecer suas limitações e potencialidades e, possivelmente, tentar melhorar ou aceitar a condição em que se encontram como sendo o limite de seus sonhos. 

segunda-feira, 13 de março de 2017

Sobre desafios, música e poesia
Qual a importância dos desafios diários, da música e da poesia para as nossas vidas?
LENILTON JUNIOR


Há quem diga que viver é fácil. Não é. Do mesmo modo, há quem veja apenas o lado ruim da vida. Entretanto, eu prefiro, mesmo, é viver na linha tênue que eu sei que existe entre estas duas coisas e me traz a sensação de estar vivo. Isso é mote para minha poesia e é cântico para a trilha sonora da minha vida.

Quantos desafios precisamos encarar todos os dias? Esta é a pergunta para a qual todos buscam resposta. Mais do que isso, queremos saber: para que eles servem?

Penso que os desafios que a vida nos propõe nos fazem crescer e a frequência com que estes desafios ocorrem é consequência do quanto precisamos amadurecer pessoalmente, profissionalmente, espiritualmente.

Numa breve reflexão sobre o mundo e as coisas que nele há, logo descobrimos que as palavras que proferimos têm muita força.  Do mesmo modo, as ações executadas por nós impactam de forma avassaladora na vida do outro. Acrescente-se, ainda, que vivemos numa sociedade cujos valores foram invertidos de forma muito rápida e, infelizmente, já apresentam danos seríssimos para nós mesmos. Nesse sentido, é imprescindível passarmos por diferentes experiências  para descobrirmos quem somos nós e como pretendemos conviver com o outro em sociedade.


Nesse percurso formativo, surgem as canções que marcam momentos significativos das nossas vidas. Momentos de alegria, momentos de tristeza. Momentos em que foi preciso tomar decisões importantes. Momentos em que a própria canção nos convidou a refletir sobre nós, sobre os outros, sobre a vida - esta folha em branco que recebemos para escrever a nossa história e que, portanto, exige de nós sensibilidade e, também, uso prudente da razão. As canções nos ajudam a tornar dias mais leves.  Podemos extrair delas mensagens importantes que nos ajudam a harmonizar a vida e dividir com o outro nossas angústias e nossas alegrias. Afinal, as matérias de que tratam as canções fazem parte de nossas vidas.


Mas, onde está o mote da poesia da vida?

É justamente no relacionamento com o outro que se encontra o mote da poesia da vida. É essa a beleza de viver: cantar em versos o amor, a saudade, a dor, a felicidade. É isto o que nos torna efetivamente humanos. Saber que tocamos o outro e ele também é tocado por nós. É valido lembrar que a poesia, sem dúvida, nos ajuda a sermos pessoas melhores, aprendendo a perceber o outro,  cooperar com ele,  conviver com pessoas diferentes que, por sua vez, possuem pontos de vista diferentes sobre questões de interesse coletivo, mas que, através do diálogo, podem tomar iniciativas juntos.


Então,  na vida temos desafios, canções e poesia. Um tripé necessário. Mas é urgente  saber viver. Sobretudo, é preciso aprender a aprender a viver.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ano Novo?
LENILTON JUNIOR

Esse é o último texto que escrevo para o blog em 2016. É um texto sobre a gente, sabe? Não tem dia em que a gente fica pensando nos nossos sonhos e no que é preciso fazer para alcançá-los? Pois é.

Estive pensando nos problemas por que passo e nos objetivos que tenho planejado alcançar. Logo me veio a cabeça a ideia de que somos nós mesmos que colocamos impecilhos no nosso caminho. Daí, fiquei pensando...Como a gente consegue ter tanto medo de correr atrás daquilo que a gente quer? O novo deveria nos entusiasmar, mas a maioria das pessoas tem medo dele, do diferente.

Caro leitor, você já parou para pensar em que medida as novas experiências, sejam elas boas ou ruins, te ajudam a amadurecer? A ser uma pessoa melhor? Caramba! Viver BEM é algo que nem todo mundo sabe fazer. Sair da zona de conforto pode causar descontrole emocional em algumas pessoas. Arriscar-se, então, parece a mesma coisa que ser lançado ao fogo. 

Precisamos acreditar que, mesmo diante das adversidades, é possível "enxergar a luz no fim do túnel", mas é preciso ter condições para ver essa luz. Isso significa: abster-se da hipocrisia, orgulho e, sobretudo, da ignorância.  Lembremo-nos, por exemplo, que, na era da informação, é inadmissível não saber aproveitar as ferramentas tecnológicas a nosso favor.  Afinal, elas não foram feitas apenas para a execução de atividades fúteis, como olhar o Facebook dos "amigos" para saber o que eles fazem, como fazem e/ou com quem eles convivem e curtir e/ou comentar as ações alheias. Em outros termos, DEVEMOS ser protagonistas das nossas vidas e não platéia da vida dos outros (paráfrase do pensamento de uma usuária do Facebook).

As soluções para nossos dilemas cotidianos estão a nosso alcance. Basta saber investir tempo e, se possível, dinheiro naquilo que efetivamente é importante. Concorda? Começando pelo senso comum, basta compreendermos que: estudar sempre foi a melhor estratégia para o alcance de nossos objetivos pessoais e profissionais - Não é difícil encontrar histórias de pessoas bem sucedidas devido ao investimento que elas fizeram em seus estudos; organizar-se financeiramente também não é uma tarefa complicada, pois se todos tivessem consciência da importância do planejamento  não  haveria uma série de pessoas individadas. Do mesmo modo, atualizar-se para manter-se em um emprego que valha a pena nunca foi tão fácil, graças à disciplina exigida para trilhar o caminho até nossos objetivos.  Reparou que somos nós quem criamos problemas? É necessário empenho pessoal ? Claro que sim. Entretanto, todos sabemos que para colher bons frutos é preciso sabermos plantar bem a semente. 

Consoante as considerações anteriores, todos nós temos plena consciência dos problemas que afetam nossa vida e a vida  de nossos pares. Porém, falta-nos coragem para reconhecer que somos humanos e que precisamos, igualmente, perdoar a quem precisa; ouvir quem quer falar -  ouvir as informações direto da fonte para que possamos efetivamente compreendê-las e não apenas repetí-las - e saber dialogar. 

Há um certo tempo, pensava que faltava diálogo entre as pessoas, o que justificava tanto fracasso mas nossas  relações : guerras, rebeliões, genocídios.  Hoje percebo que o que falta mesmo é EDUCAÇÃO de todos os tipos e com suas devidas  especificidades. 

Mais uma vez utilizo argumentos do campo da tecnologia para falar de problemas sociais que podem ser solucionados: nossos jovens perdem um precioso tempo em sites de redes sociais com brincadeiras que não trazem contribuição significativa à suas vidas. Quando não fazem isso, ocupam-se com selfies, em busca da face que perderam no espelho (no dizer da poetiza Cecília Meireles), depois de se entregarem à correria do dia a dia. Não é assim? Porém, a dependência dessas ferramentas é um risco iminente à saúde.

Precisamos "respirar"  ou "recarregar as baterias" não apenas no período de férias, mas a todo tempo. Para isso, é preciso dividir o tempo e aproveitar ao máximo a interação interpessoal presencial. Afinal, na interação face a face, dispomos de mais recursos para nos comunicarmos com outras pessoas: os gestos, o olhar, a roupa - que também é um texto -, até mesmo a entonação de voz, fatores imprescindíveis para compreendermos as regras de convivência social e nos reconhecermos como animais politicos, no dizer de Aristóteles. Quanta coisa bacana, não é? Ignorar a importância das relações interpessoais presenciais é perder a oportunidade de adquirir experiências e, possivelmente, nos desenvolvermos pessoal e profissionalmente.

Portanto, sejamos mais otimistas e honestos consigo mesmos, pois a mudança que queremos fazer nas nossas vidas depende de nós mesmos. Somos nós os nossos maiores inimigos. 

Feliz Ano Novo! Happy New Year! 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Nossa autodestruição de todos os dias
Precisamos ter consciência de que estamos perdendo o senso de humanidade e apostar na atividade reflexiva e no diálogo como aliados no processo de (re)encontro consigo mesmos
LENILTON JUNIOR

Cada dia que passa nos torna mais maduros, se estivermos abertos à novas experiências. Tudo é ensinamento. Aprendemos até mesmo com as coisas que não dão certo. O que importa mesmo é saber que só se vive uma vez e que não podemos perder a oportunidade de viver a vida intensamente. A atividade reflexiva e o diálogo parecem ser bons aliados das pessoas que veem a vida como um livro com páginas em branco e uma caneta.

A gente se preocupa com tanta besteira nessa vida: futilidades e pessoas pobres de espírito, enquanto podemos viver sem nos preocuparmos com coisas que podem ser resolvidas sem muito estresse ou, ainda, sem precisar discutir com ninguém. 

Nesse sentido, concordo com a máxima "seu maior inimigo é você mesmo" . De fato, quando as adversidades surgem (e não podemos escapar delas), é o modo como você lida com elas que, além de determinar a sua personalidade, define, também, suas perspectivas de futuro.

Nossas ações definem quem somos. Não adianta construir uma imagem nas redes sociais que é facilmente desconstruída na interação face a face. Aliás, não adianta nada viver de aparências e se preocupar em publicizar uma vida que poderia ter sido vivida conforme padrões sociais desejáveis, mas não foi. Precisamos assumir nossa verdadeira identidade e aprender a lidar com a ideia de que ser diferente é normal. Precisamos nos preservar. Recordo-me agora da canção Mortal Loucura, de Maria Bethânia, que discorre exatamente sobre isso.

Do meu lugar de ator e expectador no espetáculo da vida, do qual cada um de nós recebeu um papel, percebo que, a medida que o tempo foi passando, fomos perdendo a noção de que somos demasiadamente humanos. E nesse processo contínuo de competição, esquecemos de que precisamos da atividade reflexiva e do diálogo, pois são essas duas atividades que nos ajudam a viver bem.

Penso que se cada um de nós procurar ser calmaria e não tempestade (e isso não é filosofia barata), as relações sociais serão bem melhores. Não quero dizer com isso que as desigualdades sociais deixarão de existir. Afinal, vivemos em um mundo predominantemente capitalista. Entretanto, chamo a atenção para o fato de que estamos perdendo o senso de humanidade, em nome de uma cultura que nos transformou em máquinas e que já possui consequências desastrosas.

É preocupante saber que já é raro existirem relacionamentos onde o amor, sentimento tão nobre, seja mútuo. Infelizmente, existem jogos de interesse disfarçados de relacionamentos amorosos. Do mesmo modo, não é de se espantar exemplos de amizades estabelecidas por interesses no que o outro tem ou no que ele poderá vir a ter. 

Do mesmo modo, essa mania que nossa sociedade adquiriu de tudo querer rotular, fazendo juízos de valor questionáveis, acabou por nos distanciar cada vez mais uns dos outros, senão por escolha nossa, por medo dos marginalizados política e socialmente, bem como culturalmente.

Não acaba por aí.  Devido à falta de diálogo e, digo mais, a falta de compreensão dos discursos proferidos por todos os lados, a opinião da população de diferentes camadas sociais sobre as questões que envolvem o coletivo, quase não existe. O que existem são teses sem argumentos coerentes que as sustentem.


Parece que as pessoas se recusam a ouvir as outras. Elas se recusam a reconhecer que estão erradas quando efetivamente erram. Elas se recusam a pedir perdão pelas coisas que proferem que machucam o outro. Elas se estranham como se não fossem mais Homo sapiens sapiens.

Preciso dizer, ainda, que o mesmo estranhamento ocorre com relação a participação das pessoas na fiscalização efetiva dos seus representantes políticos (afinal, conhecer o conceito e funcionalidade da política é algo necessário a todos nós.): as pessoas não escolhem bem seus representantes políticos, muito menos fiscalizam a execução dos projetos construídos por eles. O problema é que depois reclamam da má representação política, dos desvios de dinheiro público, da falta de compromisso com saúde, educação, saneamento básico etc.

São várias as tentativas de dar significado as coisas e de (re)significá-las. Entretanto, essas mesmas coisas continuam sem sentido. 

Além do já exposto, vamos refletir: Quantas são as pessoas que sofrem de insônia?  Quantas pessoas não conseguem encontrar tempo para se alimentar bem?  Quantas pessoas não convivem mais com suas famílias, porque as demandas do trabalho comprometem sua vida pessoal? Quantos vivem estressados, desestruturadas emocionalmente?


Precisamos nos encontrar em meio a tantas exigências políticas, sociais e culturais. Precisamos definir prioridades na vida. Aliás, precisamos ter vida. Fazer escolhas é algo necessário. Lembremo-nos, ainda, que, para casa escolha, é preciso fazer uma renúncia. Entretanto, essa renúncia não pode ser à Deus, à família ou aos amigos em nome de projetos que comprometam tudo isso.

Já afirmei em outros artigos e reitero aqui a necessidade que cada um de nós tem de construir um projeto de realização pessoal e profissional. Entretanto, é preciso dedicar tempo para as nossas relações sociais - peças fundamentais, inclusive no processo de execução desses nossos projetos.

É válido lembrar que devemos começar dando prioridade às relações face a face e não às relações virtuais, onde, infelizmente, devido à liberdade advinda dessa ferramenta, é maior a frequência de pessoas que não reconhecem limites de comportamento e, por vezes, acabam ameaçando a imagem do outro e se promovendo de forma escusa (essas afirmações são fruto de experiências).

Portanto, é importante pararmos para refletir sobre nossas atitudes e dialogarmos mais com o outro. Só assim, viveremos bem. Do contrário, continuaremos vivenciando um crescente processo de autodestruição.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"Compreender a marcha e ir tocando em frente"
Como compreender a marcha da vida e tocá-la em frente?
LENILTON JUNIOR

O trecho da música de Almir Sater que é título desse artigo não foi utilizado despropositadamente. Ele consegue exprimir o que efetivamente nós buscamos dia após dia: compreender a marcha da vida e tocá-la em frente. Mas como conseguir tal objetivo?

Se algumas vezes erramos e algumas vezes também acertamos, estamos no caminho certo. Não existe fórmula certa para que nossas escolhas na vida sempre sejam certas.  É preciso errar para acertar depois. Do mesmo modo, é preciso pensar que estamos fazendo o certo, mesmo que erremos depois.

Se entendermos por marcha o passo que é dado por homens e animais - que aqui foi utilizado para personificar a palavra vida, logo chegaremos à conclusão de que esse passo varia conforme a situação vivenciada especialmente pelos homens em diferentes momentos de suas vidas.

Nesse sentido,  existem fases da vida em que nossos pensamentos parecem não   ser coerentes com nossas ações ou, ainda, momentos em que ações de outras pessoas influenciam de tal modo nossos pensamentos que, por vezes, precisamos de tempo para lidar com mudanças tão rápidas em nós mesmos.

A marcha da nossa vida, como toda e qualquer marcha, somos nós que colocamos. Nós podemos acelerá-la ou diminuí-la. Podemos até perdê-la. Por isso, precisamos prestar muita atenção ao contexto em que esse tipo de ação é executado.

A atividade reflexiva - não a paranoia - pode ser uma aliada significativa para nos ajudar a tomar decisões importantes e "ir tocando em frente", pois somente assim ficará mais fácil perceber o que precisa ser mantido e o que precisa ser repensado em nossa vida pessoal e profissional.

Segmentar em duas partes o todo significativo que é a vida - vida pessoal e vida profissional - também é uma atitude típica do exercício da maturidade no recinto de trabalho e fora dele. (Re)significar a marcha é imprescindível para dar continuidade a vida.

Se a força motriz da vida acaba, a marcha não funciona como deveria.  Aliás, nem haverá marcha. Entendamos por força motriz aquilo que nos impulsiona, que mantém algo em pleno funcionamento. Utilizamos aqui o termo força motriz também propositadamente, uma vez que, no campo da física, esse tipo de força é obtido através de agentes naturais que transmitem movimento para maquinário. É mais ou menos isso o que estamos nos tornando, não é?

Precisamos nos lembrar que somos demasiadamente humanos. Assim, lembremo-nos de que nosso corpo precisa de agentes naturais para VIVER. Entretanto, para viver não precisamos de muita coisa. Para viver precisamos de amor, respeito, solidariedade e tantas outras boas ações.

Portanto, como diria Fernando Pessoa, navegar é preciso. Temos que compreender que a graça da marcha da vida é ter liberdade para manipulá-la. Fomos e ainda somos educados para trabalhar  - acreditem que isso é verdade  -, entretanto,  é urgente entender que trabalhamos para viver e não o contrário.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Sobre tarefas, atitudes e consequências
É preciso foco para conseguir dar conta das prioridades nossas de cada dia
LENILTON JUNIOR

Lidar com uma infinidade de tarefas todos os dias não é atividade que qualquer um executa bem. Precisamos eleger prioridades para conseguir efetivamente colocar algo em prática e, assim, alcançarmos objetivos de realização pessoal e profissional.

Estudar algum conteúdo, preparar aulas, corrigir atividades escolares, pagar contas, lidar com redes sociais, tudo isso exige concentração e determinação de quem precisa executar estas tarefas. Mas descansar também é uma atividade que precisamos realizar e poucas pessoas têm feito isso. Ler com o objetivo de relaxar, viajar para outros lugares, viajar através das histórias de personagens marcantes da literatura, ouvir uma boa música, aproveitar a companhia de familiares e amigos são momentos indispensáveis na nossa vida.

Nossas atitudes precisam atender às principais demandas diárias. Entretanto, viver para o trabalho não parece ser uma escolha acertada. É preciso saber conciliar nossas obrigações e nossos momentos para deleite. Esse é o problema de boa parte das pessoas com que convivemos: por não saberem dividir seu tempo, tornam-se pessoas frustradas, muito estressadas e, portanto, descontentes com o insucesso de suas atividades.

Precisamos trabalhar para viver. Isso implica se importar com nossa qualidade de vida. Quando fazemos isso, as consequências são muito satisfatórias. Além disso, precisamos nos recordar de que somos humanos (demasiadamente humanos) e, nesse sentido, momentos de revitalização do corpo e da mente são necessários. Na contemporaneidade, falta esse equilíbrio entre corpo e mente.

É claro que sacrifícios precisam ser feitos para alcançarmos objetivos de realização pessoal e profissional. Entretanto, é possível minimizar o impacto destas intempéries em nossas vidas se tentarmos organizar ações rotineiras. Isso implica em conhecer bem nossas rotinas e estabelecer momentos específicos para execução daquelas ações.

O que não podemos fazer é nos acomodar diante da dinâmica da vida. Nossos sonhos não se realizarão sozinhos. Nossos objetivos de realização pessoal e profissional não serão alcançados sem a devida disciplina, dispêndio de tempo e sacrifícios de finais de semanas, feriados e festas. Porém, viver exige cuidado. Temos apenas uma chance para escrever bons capítulos da nossa história. Então, é preciso vivê-la intensamente e com qualidade de vida.

Portanto, tarefas, atitudes e consequências talvez sejam três desafios que nos instigam a reflexão sobre como faremos bom ou mau uso do tempo que, cada vez mais, é escasso. Entretanto, é justamente o nosso posicionamento diante dessa dinâmica de cobranças e quase nada ou nada de descanso que faz a diferença no processo de conquistas pessoais e profissionais. Carpe diem!