O individual e o coletivo
Em
tempos pós-modernos, se torna necessário saber qual é o limite do interesse individual
e do interesse coletivo
LENILTON JUNIOR
A
experiência de viver em sociedade é um verdadeiro desafio a nossa espécie,
pois, como diria Rousseau, “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. ”
Todos
nós carregamos conosco valores sociais que se refletem na nossa maneira de
pensar, de desempenhar ações e de refletir sobre as nossas ações e as ações das
demais pessoas. Entretanto, no meio social, há pessoas que por entenderem, mas
não refletirem efetivamente sobre o significado destes valores, ou ainda, por
não disporem de pessoas em que possam se espelhar como exemplo de boa conduta
pessoal e social, tornam-se susceptíveis a corrupção, apropriando-se daquilo
que não é seu como sendo seu verdadeiro dono.
Não
é preciso procurar muito para encontrar na mídia exemplos que ilustram a
apropriação de bens públicos como sendo bens pessoais. Quantos foram (e ainda
são) os casos de personalidade que desviam dinheiro público para fins pessoais,
na tentativa de melhorar as suas condições financeiras e proporcionar bem estar
para a sua família com o dinheiro que deveria melhorar as condições financeiras
de várias famílias e proporcionar bem estar e melhores condições de vida para
aqueles que acordam cedo e dormem tarde, batalhando pelo pão de cada dia?
Não
nos esqueçamos que nós também praticamos esse delito quando, por exemplo,
resolvemos, na camaradagem, retirar do quantitativo de livros destinado aos
alunos da escola em que trabalhamos, um livro para o nosso filho, para pouparmos
o salário que recebemos dessa mesma instituição. Pregamos em nossos discursos a
formação de uma sociedade mais justa, mas será que somos justos com o aluno que
deixará de receber seu livro didático, porque o funcionário da escola decidiu beneficiar
o seu filho, em detrimento do filho dos outros?
Não
podemos nos esquecer, também, de que a ambição humana tem sido responsável pela
morte de milhares de pessoas, tudo isso em nome de falsas ideologias que beneficiam
apenas os mentores delas, como alguns líderes religiosos,
políticos...vendedores de ilusão, mercadores da fé. Até que ponto chegamos! O
que mais a espécie humana será capaz de fazer em benefício próprio? Que espécie
de sociedade se quer para os próximos dias, se até com o sagrado se tem
brincado? Se vidas são dizimadas por causa de interesses particulares, por mero
capricho?
O
mundo precisa de mais cooperação. Crianças, adolescentes e jovens que vivem no
mundo da criminalidade precisam de mais homens e mulheres que lhes sirvam de
exemplo a seguir. É preciso valorizar e zelar pelo patrimônio público, porque
dele dependem várias pessoas. É preciso acreditar que uma pessoa, sozinha, não
consegue ir muito longe. Mas, juntos, podemos dialogar e resolver nossas
diferenças, podemos lutar sem auxílio de instrumentos bélicos, podemos
reivindicar nossa causa, sem ameaçar a face do outro.
Portanto,
precisamos entender que, se ninguém vive sozinho, é preciso viver bem com o
outro. Para isso, não se deve ultrapassar a fronteira da honestidade, da
sinceridade, do respeito, da ética e, principalmente, do amor ao próximo. É preciso
transformar o retrato da sociedade, onde a máxima “poucos têm muito e muitos
têm pouco” ainda é ideia fixa na mente da grande massa. Ainda podemos mudar as ações
cotidianas que comprovam nosso egoísmo e nossa descrença no potencial do filho
do outro. Ainda dá tempo, de acabar com
os massacres onde vidas são ceifadas em nome de falsas ideologias.