terça-feira, 25 de agosto de 2015

O individual e o coletivo
Em tempos pós-modernos, se torna necessário saber qual é o limite do interesse individual e do interesse coletivo

LENILTON JUNIOR

A experiência de viver em sociedade é um verdadeiro desafio a nossa espécie, pois, como diria Rousseau, “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. ”

Todos nós carregamos conosco valores sociais que se refletem na nossa maneira de pensar, de desempenhar ações e de refletir sobre as nossas ações e as ações das demais pessoas. Entretanto, no meio social, há pessoas que por entenderem, mas não refletirem efetivamente sobre o significado destes valores, ou ainda, por não disporem de pessoas em que possam se espelhar como exemplo de boa conduta pessoal e social, tornam-se susceptíveis a corrupção, apropriando-se daquilo que não é seu como sendo seu verdadeiro dono.

Não é preciso procurar muito para encontrar na mídia exemplos que ilustram a apropriação de bens públicos como sendo bens pessoais. Quantos foram (e ainda são) os casos de personalidade que desviam dinheiro público para fins pessoais, na tentativa de melhorar as suas condições financeiras e proporcionar bem estar para a sua família com o dinheiro que deveria melhorar as condições financeiras de várias famílias e proporcionar bem estar e melhores condições de vida para aqueles que acordam cedo e dormem tarde, batalhando pelo pão de cada dia?

Não nos esqueçamos que nós também praticamos esse delito quando, por exemplo, resolvemos, na camaradagem, retirar do quantitativo de livros destinado aos alunos da escola em que trabalhamos, um livro para o nosso filho, para pouparmos o salário que recebemos dessa mesma instituição. Pregamos em nossos discursos a formação de uma sociedade mais justa, mas será que somos justos com o aluno que deixará de receber seu livro didático, porque o funcionário da escola decidiu beneficiar o seu filho, em detrimento do filho dos outros?

Não podemos nos esquecer, também, de que a ambição humana tem sido responsável pela morte de milhares de pessoas, tudo isso em nome de falsas ideologias que beneficiam apenas os mentores delas, como alguns líderes religiosos, políticos...vendedores de ilusão, mercadores da fé. Até que ponto chegamos! O que mais a espécie humana será capaz de fazer em benefício próprio? Que espécie de sociedade se quer para os próximos dias, se até com o sagrado se tem brincado? Se vidas são dizimadas por causa de interesses particulares, por mero capricho?

O mundo precisa de mais cooperação. Crianças, adolescentes e jovens que vivem no mundo da criminalidade precisam de mais homens e mulheres que lhes sirvam de exemplo a seguir. É preciso valorizar e zelar pelo patrimônio público, porque dele dependem várias pessoas. É preciso acreditar que uma pessoa, sozinha, não consegue ir muito longe. Mas, juntos, podemos dialogar e resolver nossas diferenças, podemos lutar sem auxílio de instrumentos bélicos, podemos reivindicar nossa causa, sem ameaçar a face do outro.

Portanto, precisamos entender que, se ninguém vive sozinho, é preciso viver bem com o outro. Para isso, não se deve ultrapassar a fronteira da honestidade, da sinceridade, do respeito, da ética e, principalmente, do amor ao próximo. É preciso transformar o retrato da sociedade, onde a máxima “poucos têm muito e muitos têm pouco” ainda é ideia fixa na mente da grande massa. Ainda podemos mudar as ações cotidianas que comprovam nosso egoísmo e nossa descrença no potencial do filho do outro.  Ainda dá tempo, de acabar com os massacres onde vidas são ceifadas em nome de falsas ideologias.