segunda-feira, 18 de julho de 2016

Quando a palavra precisa se tornar ação

LENILTON JUNIOR

Já dizia Clarice Lispector que a palavra é  domínio sobre o mundo. Entretanto, é preciso dizer que, somente através de ações, este domínio se efetiva. Ações que contribuem para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Do meu lugar de ator no palco da vida, percebo, mais claramente, que cada desafio diário é um convite que a vida nos faz para nos tornarmos pessoas melhores ou piores - caso não saibamos lidar com as situações em que nos encontramos.

Quando agimos e/ou reagimos na interação social com outros sujeitos que nos atingem  através de seus discursos, afirmamos nossa personalidade e assumimos, efetivamente, nosso jeito de ser, de pensar e de se relacionar com os outros. Afinal, construímos discursos efetivados através de ações e somos constituídos socialmente através destes discursos.

Agora percebo que as frases inspiradoras que lemos geralmente no inicio da manhã ou no final da noite nos direcionam para acreditar que podemos nos superar dia após dia, não nos condenando pelas derrotas, mas aprendendo com elas e valorizando,  ainda mais, as nossas vitórias.

Com o tempo aprendemos que a ação deve estar sempre conjugada com a sensatez, com a sabedoria, mas também com a rebeldia. Sim. Precisamos nos rebelar contra as desigualdades, sejam elas de naturezas várias. Precisamos nos rebelar, também, contra o estado de ignorância em que ainda se encontram vários cidadãos a quem lhes foi negado o direito à educação de qualidade. Precisamos nos rebelar, ainda, contra a corrupção, na tentativa de, pelo menos, assegurar os direitos básicos intransferíveis de cada cidadão.

Não podemos confundir rebeldia com violência - o que se traduz em ação mal planejada, cujos efeitos são negativos tanto para o agente quanto para o paciente dessa ação. A rebeldia de que falo se faz com atitudes que, efetivamente, traduzam a importância daquilo que queremos defender. Mas é preciso ter certeza de que aquilo que desejamos fazer é realmente bom para a gente e para os outros. É preciso que nos certifiquemos se nossas atitudes egoístas - que também fazem parte da nossa vida - não ferem o direito do outro. 

Sejamos mais honestos, mais verdadeiros, mais sinceros consigo mesmos e com os outros. Tenhamos mais amor nas nossas relações com nossos familiares, parentes, amigos.

Não é fácil lidar com pessoas que não têm a mesma formação moral, intelectual ou, ainda, ética que a nossa.  Entretanto, não é tão difícil se adequar as situações adversas da vida e contornar as intempéries através do diálogo, do olho no olho e de manifestações de amor ao próximo.

Aumentar ou abaixar o tom de voz é uma ação que depende da necessidade de se fazer ser ouvido(a). Fazer alguém entender algo quando ela não tem interesse naquilo que se quer ensinar depende da determinação de quem acredita na relevância da aprendizagem que se quer mediar. Do mesmo modo, amar outra pessoa, depende da segurança de que estamos prontos para essa nova experiência, o que implica na premissa de que nos amamos e conhecemos bem a nós mesmos.

"Viver excede qualquer entendimento." Entretanto, continuo dizendo que viver com sabedoria é o que devemos desejar quando quisermos validar nossos discursos através de nossas ações.